O término de um relacionamento não é fácil para quem toma a iniciativa e muito menos para o outro. Quando estamos com alguém que gostamos muito não queremos que o fim chegue nunca.

No entanto, gostar não é tudo, não é o suficiente. Se há alguma incompatibilidade e o casal não consegue ajustar-se um ao outro ou resolver o impasse, o término acaba sendo inevitável, às vezes não pelo conflito em si, mas pelo desencadeamento das mágoas que isso causa, pois o casal entra em um ciclo onde pelo menos uma das partes não consegue lidar com as adversidades, ou perdoar.

O fim não nasce do dia para a noite. Gostar é involuntário e, em contrapartida, desgostar também e são dois processos que levam algum período, ou seja, assim como o relacionamento foi sendo construído, o fim também. Como afirmou a psicóloga da Unifesp Mara Pusch em uma entrevista:

“Quando uma relação acaba, na verdade, os dois sabem. Mas um é mais corajoso para tomar a iniciativa”

Leia sobre: O terapeuta de casal trabalha para manter os casais juntos?

Logo, quem termina não é um vilão, mas também vítima de um relacionamento que não estava sendo saudável para ambas as partes.

Da mesma forma que ficamos enlutados por alguém que faleceu, vivenciamos um momento de luto durante um término, que precisa ser elaborado para que possamos seguir em frente.

Na primeira fase, custamos a aceitar o término, pensamos que é só uma fase ou um pesadelo e que as coisas logo irão se acertar, se nos questionam sobre o fulano até mentimos, dizendo “está bem”. Em um segundo momento, nós nos odiamos e sentimos uma profunda raiva do outro, não conseguimos nos conformar com o ocorrido, nos descabelamos, choramos e nos sentimos muito angustiados por ter ficado tanto tempo com alguém que não merecia – assim pensamos.

Leia Mais: O fim do amor romântico

Posteriormente, tentamos pensar positivamente alegando que “foi melhor assim”, que “agora podemos fazer coisas que antes não poderia”, ou tentamos focar em coisas diferentes como a nossa carreira profissional, porém caímos em uma fase de uma profunda depressão, onde nos sentimos melancólicos, angustiados e sentimos falta do outro. Nos questionamos qual era o problema e ao não encontrar as respostas, ficamos muito angustiados e confusos.

Contudo, no fim acabamos aceitando a separação, conseguimos enxergar a realidade tal qual ela é, chegamos a conclusão que para ter chegado a esse ponto ambos erraram, mas isso não significa que nada deu certo, pois adquirimos experiências, desenvolvemos a resiliência e compartilhamos de uma história de vida com o outro.

Portanto, encare o término de um relacionamento!

Se tiver que chorar, chore. Afinal, todo bom relacionamento merece muitas lágrimas no fim, mas não deixe que isso te possua. Faça um balanceamento do que se ganhou e se perdeu nesse relacionamento e levante a cabeça.

Se você não esta mais junto do seu parceiro é porque o relacionamento havia deixado de ser saudável para ambos ou porque não havia mais possibilidades de dar certo. Então, na hora de você perceber o quanto amadureceu nesse relacionamento, entender que não foi tudo em vão, que todas as experiências foram validas para um desenvolvimento e apenas seguir em frente.




Psicóloga (CRP 06/129341), com experiências nas áreas: Clínica, Social e Organizacional. Amante da arte e da vida, gosta de compartilhar experiências e de conhecer vivências novas. Atualmente trabalha com treinamento e desenvolvimento, possui consultório particular e é colunista do site Fãs da Psicanálise.

17 COMENTÁRIOS

  1. Tava precisando ler isso. Obrigado… Ainda mais depois de um relacionamento sério de quase 8 anos em que os dois juraram que ficaríamos juntos para sempre… Agora estou feliz de novo ( vivendo o peso do luto ainda), ex também.

  2. Gostei tbém, tive esta experiência tbém, me senti q levei uma bolada nas costas, mas sobrevivi , hj penso muito em entrar num novo relacionamento

  3. ele saiu de casa tem 1 ano e eu choro todos os dias como se tivesse sido ontem, eu sofro muito ainda. Ele foi embora pq eu descobri que ele me traía e estava envolvido com drogas. Eu o perdoei e pedi que ele ficasse temos dois filhos, mesmo assim ele foi embora,

  4. Nem sempre a raiva aparece neste processo. Achei a sua visão um pouco quadrada. Pessoas sao diferentes, reagem de forma diferente a situações. O sofrimento de uma separação sempre vai existir, a negação, raiva e barganha nem sempre…nem sempre as duas pessoas sabem do fim. Muito homens traem quando o casamento parece feliz, buscam alho em outra que não possuem em si mesmos. É um círculo vicioso que traz muito dor a todos. Desculpe minha opinião mas acho que poderia ter abordado estas possibilidades no seu texto. Abs e parabéns pelo site

    • Concordo com você que cada indivíduo vai vivenciar esse luto de uma forma diferente e, justamente por isso, é difícil descrever situações específicas como a traição (citada por ti, por exemplo), uma vez que essa traição pode ter sido ocasionada por n outras questões e fugiria do tema principal. Acredito que a principal mensagem que tentei trazer aqui seja de que precisamos encarar o término, tal qual ele é, vivenciar o que tiver que vivenciar, aceitar e seguir em frente para novas possibilidades!

  5. Precisava desse texto. Me ajudou mt. Sofri mt c a separação do meu filho, pois tinha minha nora como uma filha. Ela decidiu ir embora, logo dps soubemos q ela já estava morando com outra pessoa. Meu filho tbm já esta com outra pessoa. Mãe sofre tbm. O luto é terrível, mas hoje percebo q faz parte do processo. Parabéns por seu trabalho.

  6. Me identifiquei profundamente com o seu texto, Isabella. Vivi claramente todas essas fases e finalmente cheguei ao período de aceitação. Achei a sua abordagem muito sensível e verdadeira. Parabéns pelo texto!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui