Mesmo estando coberta de razões, a culpa e a insegurança a levavam a ir sempre atrás do algoz. Pedir perdão, pedir afeto, pedir carinho. Como ela se apequenava… A carência a dominava, coisa de mulher que não conseguia se enxergar, que mal se via… Ela era assim. Previsível como o velho despertador ao lado da sua cama. Na hora certa, lá estaria ela: falando, ligando, implorando, se humilhando, se anulando, mesmo estando certa, se portava como a errada da história e acabava sendo…

Tão acostumados estavam com seus velhos hábitos que a ninguém mais surpreendia. Era certa sua chegada! Nem com hostilidade, ela não despertava. Como ela não se amava! Era previsível, mesmo estando magoada, a todos perdoava.

Porém, algo aconteceu. Uma dor lhe doeu mais que as dores que já estava acostumada. Mexeu com ela, mudou seu rumo. Sentiu o efeito assertivo dessa imensa frustração. Precisava pensar, assimilar tudo.

Seus algozes já esperavam… Ela vai aparecer, sempre volta pra nos ver. Ela é tão previsível! E disseram cheios de razão: não dou nem um dia pra ela estar por aqui em seu velho círculo vicioso.

O tempo passou… Ela não era mais a mesma. A dor doeu em seu coração e ensinou a ela uma lição e a fez mudar, crescer e se olhar. Já não se conhecia mais, porém se percebia! Precisava de tempo para assimilar suas novas posturas, seus novos conceitos, seus novos jeitos. Quem é essa mulher? Indagava seu coração. Mas ela seguiu tranquila. Pois lá no fundo já sabia: era uma nova mulher!

Não era mais a mesma… Foi se amar, se cuidar e não mais precisou fazer nada que ela realmente, não quisesse. Não mais se anulou ou se deixou ser anulada. Decidiu seguir o caminho do amor, que começa sempre no amor-próprio. Ainda pede perdão, quando necessário. Até porque também se dá o direito ao erro, mas não se cobra mais. Sabe que não é perfeita e gosta disso. Ela se curou do desamor e tratou de ser feliz.

Ah, e ninguém acertou a previsão. Somente ela…

Que nunca mais seria a mesma.




Assistente Social por formação, psicanalista por vocação, coach por opção, practitioner em PNL por missão e escritora por paixão. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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