Chega uma hora que você se senta no sofá, apoia os cotovelos nos joelhos, cobre o rosto com as mãos e pensa que já deu tudo o que tinha que dar. Sério! Pra você já deu. A partir desse momento, será só você e… você!

Relacionamentos amorosos podem ser extremamente complicados, desgastantes e sair deles sem mágoas, saudade e melancolia é algo que ainda não aprendi. Na verdade, sequer sei se isso é possível. Alguém sempre sai machucado, não é mesmo? É o que dizem por aí.

Comigo existe a fase do quarto escuro. A fase do brigadeiro, do choro excessivo e de maratonar Friends. Existe a fase que vem após essa, que é quando volto a interagir com as pessoas, elas perguntam se estou bem, porque minha cara está péssima e lhes digo, ironicamente, “claro que estou bem, só perdi o grande amor da minha vida”. Talvez seja insuportável conviver comigo e com meu dramático coração partido.

Depois disso, há a fase em que percebemos que não estamos em paz. Não sabemos mais como nos curtir. Talvez seja esse o grande desafio escondido por trás de se reconstruir após um final triste. Nos acostumamos tanto a “ser de alguém”, a “ser com alguém”, que passamos a pensar na impossibilidade de encontrarmos paz sozinhos.

Mas eu te peço: viva esse momento! Não procure outra pessoa apenas para substituir a que ficou pra trás. Passe por todas essas fases até que elas se encerrem por conta própria, porque, por mais que seja incrível ter alguém pra amar, é necessário que você seja loucamente apaixonado por você mesmo.

Também existe a fase “fechada pra balanço”. É a que eu me encontro agora. Essa fase não é a última e nem todo mundo passa por ela. Acredito que não. Isso significa que ainda não superei, significa que saí tão machucada a ponto de não mais acreditar no amor romântico que vejo por aí. Me pego pensando em quando vou me permitir novamente, mas sempre me boicoto.

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De que adianta tentar me abrir se tudo termina assim? Se eu sempre amo demais e deposito toda minha felicidade nas costas de alguém que não eu? Isso é errado. Depositar o que você tem de felicidade em outra pessoa, por mais incrível que ela seja. Por mais sincera e bondosa, ela nunca vai corresponder às suas expectativas por um motivo simples: ela não é você e ela nunca vai pensar como você.

Bom, como eu disse, é só uma fase. E não pode ser a última, pois quero que chegue a hora em que eu me permita de novo. Mas não hoje… Hoje quero passar o dia de pijama e cabelo bagunçado. Quero me afundar num pote de sorvete. Quero me arrumar à noite e sair despretensiosamente com os amigos, porque, sabe… Eu já passei da fase do quarto escuro, de maratonar Friends, do drama e do medo da solidão.

São só fases difíceis. Um amontoado de fases difíceis e necessárias.

Agora estou me curtindo e tenho adorado ser inteiramente minha. Achei que esse momento não fosse chegar, mas acontece que os momentos chegam. E que bom que eles chegam! Um dia vou esbarrar acidentalmente com a pessoa que tanto amei, minha perna não vai mais tremer, meu coração vai apenas bombear meu sangue sem qualquer cerimônia, um filme dos últimos meses vai passar pela minha cabeça e eu vou sorrir, porque realmente não terá sido o fim do mundo.

No fim, algo dentro de mim chamará minha atenção para um grande e esperado evento. “Ei, você! Percebe que não dói mais?”.

(Autora: Beatriz Fagundes)

(Fonte: eoh)

*Texto publicado com a autorização do administrador do site.




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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