Muitas mães trazem à tona um curioso fato: em um determinado momento do desenvolvimento, os filhos começam a verbalizar e mostrar na brincadeiras temas relacionados ao “suposto namoro” existente entre ele e a mãe, muitas vezes falando de forma direta que ela é sua namorada, esposa, que vão se casar, ou frases semelhantes, pois fantasiam tal situação. Muitas mães ficam assustadas com isso, achando que estão fazendo algo errado na criação dos filhos que os estão levando a pensar dessa forma.

Porém é importante que as mães saibam que existe um período no desenvolvimento da criança no qual é esperado que ocorra esse “enamoramento” pelo genitor do sexo oposto. Assim como é visível o apaixonamento do menino pela mãe, o mesmo ocorre na menina em relação ao pai. Todas as crianças passam por essa fase, independentemente da configuração familiar, tendo pais separados, só um dos genitores ou pais do mesmo sexo. Porém, no texto de hoje o foco será na relação do menino com a sua mãe.

Como lidar com suas falas e comportamentos que mostram claramente que ele pensa, inclusive muitas vezes falando com todas as letras que a mãe é sua namorada, esposa, companheira? Ou até mesmo que gostaria que o pai “saísse de cena” para que ele pudesse tomar seu posto? O melhor caminho é desfazer essa ilusão, contrapondo sua fala com a realidade, porém transmitida de forma afetuosa e confiante.

Muitas mães têm medo de lidar com essa situação por pensarem que podem incentivar o menino a acreditar nessa possibilidade de relação amorosa com ela. Quando eles trazem essa temática não adianta disfarçar ou achar que ele vai esquecer, pois é muito forte e presente nos seus pensamentos. Além disso, é uma fase importante e constitutiva do desenvolvimento da criança, no caso aqui tratado do menino. Ele vem de uma relação anterior com a mãe na qual, quando bebê, não percebia tanto a diferença entre ele e a mãe, é como se sentisse que eles eram um só. Com o seu crescimento e desenvolvimento ele começa a perceber e se interessar no mundo a sua volta, vendo que ele não é o centro de tudo e que existe um grande mundo exterior, do qual ele buscará fazer parte.

Além de se perceber separado da mãe, ele também se dá conta da presença do pai, um terceiro que entra na relação dele com a mãe. Aos poucos ele começa a ver que a mãe não é “só sua” como havia imaginado, pois existe o pai “competindo” com ele. No primeiro momento ele fica com raiva e medo do pai, mas, em um processo normal do chamado em psicologia Complexo de Édipo”, essa mistura de raiva e medo do pai dá lugar a uma admiração, que faz com que ele, na melhor das hipóteses, se identifique com os aspectos bons do pai e “guarde-os” para viver numa relação futura, podendo viver com a sua escolha amorosa uma relação saudável. Ao mesmo tempo ele vai sendo inserido em uma cultura na qual vivencia e internaliza as suas normas, leis e impedimentos.

Então, resumindo: as mães não precisam se assustar quando o filho manifestar seu desejo de ser o “namorado da mãe”. Esse é um processo normal e saudável do seu desenvolvimento . O importante é que a mãe não se deixe afetar significativamente com isso, tendo claro o seu papel. Outro ponto importantíssimo é o de o pai entrar como o terceiro que rompe com essa ilusão, ajudando o filho a dar-se conta de que existem leis e normas e que ele um dia encontrará alguem talvez com as qualidades que ele admira na sua mãe!

(Autora: Manoela Yustas Mallmann, psicóloga clínica, Especialista em Psicoterapia da Infância e Adolescência)

(Fonte: maedeguri.com.br)

 




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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