Nem todas as pessoas que gostam de natal são felizes. Mas não há como ser feliz sem gostar do natal. Pois há quem não veja sentido na noite feliz.

Ok. Sucumbi à tentação que todo colunista sofre nesta época do ano. Serei mais uma a falar sobre o Natal. Prometo, contudo, empenhar-me ao máximo para fazer de meu texto uma leitura agradável. Só não posso, infelizmente, fugir do lugar-comum, visto ser exatamente ele meu objeto de análise.

Assim como acontece em relação ao inverno, o Natal parece reduzir a raça humana a dois tipos: os que gostam dele e os que o odeiam. Tenho uma estranha mania de deixar o melhor para o final e, em função disso, começarei minha análise pelos “avessos ao Natal”.

No “falecido” Orkut existem, hoje, 43 comunidades intituladas “Eu odeio o Natal”. Mas não precisamos recorrer à internet para encontrar os Grinchs de plantão. Eles se espalham por aí: na família, no trabalho, no ônibus ou até mesmo no elevador, os Grinchs são uma realidade; e respeitar sua opinião é um importante exercício de tolerância. “Prefiro gatos a cachorros, verões a invernos, praias a campos, Carnavais a Natais…” Quem sou eu para questionar essas “estranhas” preferências?

Também creio não caber a ninguém o papel do “chato de plantão” que se ocupa em buscar “a causa” de tais preferências. Defendo os direitos dos Grinchs. Afinal, como se não bastasse estarem tristes no Natal, ainda têm que aguentar as análises baratas acerca de seu desgosto em relação a tal festividade. Porém não se iluda, caro leitor, com minha aparente tolerância.

Posso perfeitamente respeitar a opinião daqueles que desgostam do Natal. Minha impaciência começa quando o dado sujeito procura intelectualizar sua posição: “O Natal é um comércio. Uma manobra de marketing para desencalhar os produtos que não são consumidos no resto do ano… Uma época de hipocrisia, quando pessoas que se odeiam se abraçam…” e por aí vai.

DEFENDO OS DIREITOS DOS GRINCHS. AFINAL, COMO SE NÃO BASTASSE ESTAREM TRISTES NO NATAL, AINDA TÊM QUE AGUENTAR AS ANÁLISES BARATAS ACERCA DE SEU DESGOSTO EM RELAÇÃO A TAL FESTIVIDADE

O escritor Mario Prata tem uma crônica que resume perfeitamente essa maneira de pensar. Nela o autor diz: “Mas o pior mesmo é a ceia, propriamente dita. Com o passar dos anos, a família vai crescendo e de repente já são quatro gerações que estão ali, de olho no peru. Umas 50 pessoas. E ali dá de tudo. Cunhados que não se falam, a velhinha que não escuta os planos do asilo, o fulano que está falido, coitado, a prima que está dando para um sobrinho, aquele casal que está separado mas que, no Natal, baixa o ‘espírito’ e eles comparecem juntos. Todo mundo sabe que se odeiam. Mas é Natal. Aquele tio que deve tanto para o seu irmão também está lá. Mas é Natal. E a irmã que não pagou a trombada que ela deu com o carro do tio-avô? Tudo é permitido. Afinal, é Natal”.

Desculpe-me, Mario, mas você não odeia o Natal. Odeia mesmo é a sua família! Permita-me terminar esta coluna parafraseando seu texto com meu incorrigível olhar positivo: “Mas o melhor mesmo é a ceia propriamente dita. Com o passar dos anos a família vai crescendo. Isso sem falar nos amigos, familiares que a gente escolhe, e que, assim como todos, não veem a hora de provar o delicioso peru preparado com tanto carinho por quem adora ver a casa cheia. É maravilhoso ver como o Natal é capaz de tornar as pessoas mais sensíveis.

Antigas diferenças parecem diminuir frente à solenidade da data. Será que aquele dinheiro que seu tio, há anos atrás, pegou emprestado e não devolveu ainda vale tanto assim? O fato é que deixamos pra lá antigas diferenças e as pessoas parecem mais propensas a perdoar. Seria este o espírito natalino? Se assim for, que se danem as eventuais motivações comerciais que cercam a data. Esse não é o meu Natal. E, felizmente, também não é o Natal da minha família.

Autora: Lilian Graziano é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA.




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

18 COMENTÁRIOS

  1. Sempre leio os artigos desse site, mas nunca vi algo tão tendencioso como esse artigo. Não gosto de natal, não ligo, nunca liguei e nem por isso spu uma pessoa triste, nem estou triste no natal e a comparação com o grinch foi ridícula. Bom, esse deve aer o espirito do natal, ridicularizar quem esta fora da curva…

  2. Bom…não sou do tipo que acha que o Natal é tão somente mercantilizado, nem tão pouco momentos de hipocrisia, mas concordo plenamente com Mario…ninguém tolera mais ninguém, nem amigos, nem familia, as pessoas estão se lixando pro outro, querem mais é fazer Mkt pessoal. Há tempos o Natal deixou de ser momentos compartilhados em família, peru? que peru? Hoje a intenção é beber todas e ainda arrumar confusão..ninguem lembra de você, a não ser que você tenha algo( material) a oferecer. Ser humano ta lixo…ser humano da egoista…se preciso for te troca por uma caixa de cerveja, peru não…peru ninguém quer mais. Natal? que isso? aluém se lembra ou sabe o que é? Saiba que não me refiro a minha família, me refiro aos anos de experiencias e aos diversos Natais que deixei de comemorar.

  3. Que falta de respeito com quem não gosta de natal. Sou extremamente feliz sem comemorar essa data. Pra mim gostar de natal, carnaval , da cor tal ou cerveja é apenas uma questão de gosto. Ridículo julgar pessoas por gostar ou não de algo

    • Entrei aqui achando que iria encontrar um texto racional e equilibrado. Mas é mais um carregado de emoção descabida, como se o bom e o agradável não pudesse ser praticado nos demais dias do ano. E quanto às palavras do Mario Prata : ah….. essas foram sábias !

  4. Perdi a vontade de ler o restante do texto, quando notei seu desrespeito com as pessoas que não gostam do Natal. Não gostar do Natal é um direito de cada um, e isso não faz dessas pessoas infelizes, muito pelo contrário, são tão felizes que se aceitam como são, e não são hipócritas, embarcando num fingimento em massa, só para seguir uma tradição da sociedade. Tenha empatia e respeito e entenda que cada um é como é, e ponto final.

  5. Não tenho nada contra o natal, apenas não faz sentido algum para mim comemorar. Porque tirar um único dia do ano para ser mais suscetível a perdoa tudo o que lhe fizeram, aturar aquela pessoa que você odeia, falar com quem você nunca falou, etc.? isso é hipocrisia; essas praticas natalinas devem ser feitas todos os dias e não somente no dia 25 de dezembro. Não preciso de uma data para eu ser bondoso, saber perdoa quem me humilha… já coloco em pratica todos os dias por mais difícil que possa ser.

  6. Natal é o maior símbolo do colono no mundo. Além de ser comemorado em uma data pagã (jesus nao nasceu no fim do ano, pesquise) é um ritual que forçava as pessoas a aceitarem algo que não acreditavam. Natal é uma tradição de controle.

  7. Não desgosto do natal mas não suporto mesmo é excesso de sentimentalismo que ele carrega. Tenho a favor entretanto, que é uma boa época para exercitar a tolerância. Não acho que a autora respeita nós os Grinnchs como ela disse.???

  8. Eu não gosto nem do Natal e nem de passar com a família. Aliás, não suporto nenhuma confraternização com minha família. Antes só do que mal acompanhado.

  9. Eu sempre gostei do Natal. Na minha família todos brigam por qualquer coisa e no Natal baixa o espírito e é só amor. Passei a odiar o Natal depois que casei. O primeiro Natal com a minha esposa em que eu acordei feliz pois seria meu primeiro natal com a família que eu estava criando me quebrou o coração. Encontrei ela na sala chorando descontroladamente pq não estava passando o Natal na família dela. Natal seguinte passamos lá para contenta-la e foi um horror! Gente mal educada, falando todos ao meus tempo. O pai dela cagando para o Natal e ofendendo todo mundo. E como todo ano passamos a véspera lá e é sempre igual eu passei a odiar o Natal com todas as minhas forças e posso dizer que do dia 24 até 26/12 tb odeio a minha mulher.

  10. Eu gosto do natal, bem longe. E, se não fosse pelas decorações na cidade, passava em branco. Na real, qualquer data pra mim é bobagem. Aniversário? foda-se. É só mais uma volta em torno do Sol.

  11. ué, mas Natal não é a tal festa de família? Achei o artigo meio estranho. Se for pra comemorar a razão do Natal, então acho que só os católicos o fariam, o resto ia trabalhar normalmente, não é?
    Então sejamos honestos: a intenção é correta, mas o que o Natal virou é que é o problema. Eu tô fora graças a Deus. Não dou presente pra ninguém, mas fico comigo pensando em como melhorar minha vida, esse é meu Natal.
    Desde pequena eu não gostava das comidas do Natal, fazer o que? São sabores que não têm nada a ver com o Brasil… arroz com passas… ou você não conhece gente que cospe as frutinhas do panetone???
    Na minha falecida família as pessoas se reuniam para dormir até o meio dia, comer até estourar (o almoço e o jantar era uma coisa só, nem se escovava os dentes), beber até cair… e tudo era lindo… graças a Deus saiu uma briga homérica de tanto amor que havia, em 2004, e cada um foi pra um canto. Foi uma das melhores coisas que aconteceu.

  12. Eu odeio todas as datas criadas pelo sistema e não só o natal. Afinal, o que tem de tão bom e único nessa festa programada que eu não possa fazer no restante do ano? O que me dá vontade de fazer eu faço na hora que eu quiser fazer, eu não preciso esperar um ano inteiro para dar presente ou comer algo. Natal é uma coisa muito chata, aliás, para mim, tudo que precisa esperar hora ou dia para fazer é chato. O que manda é a vontade!

  13. Mais uma volta da lua na terra, da terra no sol. E assim, vida que segue. Eu detesto esse clima, as pessoas vestem as carrancas da falsidade e tudo é lindo. Por isso, baniria todas essas datas folclóricas, festivas. As pessoas estão zumbizadas e tolas. Decadência…detesto isso e a autora, ao fim do texto, mostrou que ama a data, que não tem fundamento a meu ver. Isso não tem lógica, igual crer que a posição de astros lá na puta que pariu de tão longe, irão influenciar nossas vidas!

  14. É claro que a autora do texto classifica os tons mediante suas lentes. Uma profissional da psicologia. Assim, torna-se óbvio e natural ela “achar” que Maria Prata odeia a família dele. Ficando alheia a visão do cronista ante fatos cotidianos e lugares tão comuns que ela mesma, ao reescrever a crônica deste em sua matéria, não se dá conta de também ali estar retratada. Mesmo sem perceber, o que ela faz é uma releitura caricata, descrevendo um fascínio ante aquilo que critica!

  15. Gostava do natal quando criança, apesar de nunca ter sido tradicional como da maioria das famílias (ceia, presentes, árvores de natal, casa enfeitada, etc.), por causa dos programas infantis dos anos 1980…só! Era de uma inocência, uma ilusão até gostosa, por assim dizer. Imaginar aquele mundo como real. Como adulto, lamento, mas natal não tem nada de especial. Como muitos citaram aqui, fico num mix de sentimentos de cobrança, auto avaliação da vida pessoal, sentimental e profissional, uma tristeza, coisa mais horrível. E porque??? Cobranças da sociedade e tradição em ‘amar e perdoar’ quem vc passou o ano todo evitando. Me desculpem os românticos, mas por mim, nem Dezembro precisaria existir no calendário, muito menos o natal.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui