O processo de individuação começa com um choque de realidade para o ego. Ele (o ego) começa a perceber que não é o “dono de sua própria casa”.

Existem outras forças que até então permaneciam ocultas no inconsciente e que são mais fortes do que, os chamados complexos.

É nesse momento, no confronto com essas forças, que a máscara da ilusão cai. O ego precisa aceitar sua parte sombria e aceitar que não é o centro da psique.

O objetivo de tudo isso é fazer com que o indivíduo se torne a pessoa que realmente é. É o momento de busca de si mesmo do autoconhecimento.

E nesse instante começa um relacionamento entre o inconsciente e consciente, que se concretiza por meio de um símbolo, que os une.

Mas esse não é um processo de aceitação de si mesmo apenas.

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O indivíduo, além de se conhecer, deve se colocar no mundo. Ele deve buscar o equilíbrio entre as demandas do mundo interno e externo. Sua individualidade deve estar a serviço de um bem maior. Uma vez que, individuação não é individualismo.

Em Tipos Psicológicos Jung diz:

“A individuação e um processo de diferenciação que tem por meta o desenvolvimento da personalidade individual. Assim como o indivíduo não é um ser isolado, mas supõe uma relação coletiva com sua existência, do mesmo modo o processo de individuação não leva ao isolamento, mas a um relacionamento coletivo mais intenso o geral.”

Se tornar si mesmo não significa tornar-se perfeito, mas pleno, completo, com as dores e delicias de ser quem se é. Aceitando-se e se corrigindo.

A humildade é primordial nesse processo. Ela nos faz lembrar que o importante não é não errar, mas procurar não cometer o mesmo erro.

É sempre buscar erros novos, para uma ampliação de consciência. Não esquecendo que a mudança é sempre provisória.

O processo de individuação é constante, não tem fim e seu objetivo máximo é nos tornar mais humanos.

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A individuação é inevitável e seu resultado é incerto. É mais fácil idealizá-la do que realizá-la.

Porém, mesmo sentindo-se pequeno para empreender essa árdua tarefa, lembre-se que cada indivíduo possui recursos suficientes para tanto e que seu esforço gerará frutos para uma transformação tanto pessoal quanto coletivo.




Hellen Reis Mourão é analista Junguiana e especialista em Mitologia e Contos de Fadas. Atua como psicoterapeuta, professora e palestrante de Psicologia Analítica em SP e RJ. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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