Os seres humanos evidenciam que estão sofrendo psiquicamente através de sintomas, sinais de alerta sobre a saúde mental.

Estes sintomas se manifestam de diversas formas. Tais como: medos, ansiedade, fobias, compulsões, depressão, comportamentos obsessivos, entre outros.

O sintoma em psicanálise é bem diferente da concepção de sintoma para a psiquiatria.

Para a medicina, o sintoma tem relação com a doença e suas manifestações, assim todo paciente que tiver determinada doença terá sintomas parecidos, da mesma natureza, estabelecendo-se uma relação de causa e efeito e enquadrando o sujeito numa classificação.

Já o referencial psicanalítico não coloca elementos comuns no acontecimento dos sintomas e não acredita que o sintoma parta de uma causa, mas sim que ele possui um sentido para dinâmica psíquica do sujeito.

Para a psicanálise o sintoma aparece como uma maneira de obter um certo equilíbrio, tem função homeostática no aparelho psíquico, ou seja, é a forma que o ser humano encontra para resolver as vicissitudes da vida e seus conflitos emocionais.

O sintoma revela algo que o sujeito não consegue mostrar de outra maneira. É preciso retomar o conceito fundamental da obra de Freud, o recalque, para compreender o sintoma.

O recalque é uma operação pela qual o sujeito procura manter no inconsciente representações ligadas a uma pulsão (Laplanche e Pontalis, 1998).

Freud verificou que algumas lembranças não são de fácil acesso ao paciente, trata-se de conteúdos que o sujeito gostaria de esquecer, mas mantém, recalca, fora do pensamento consciente.

Leia mais: 160 anos de Freud e o saber inacabado

O sintoma seria decorrência de uma ideia recalcada de conteúdo inadmissível à consciência. Em outras palavras, é um conflito de forças entre um desejo rejeitado e aquilo que a consciência considera aceitável.

Esse recalque fracassa e a libido represada encontra nova forma de expressão através do sintoma. Por um lado, o sintoma age no sentido de manter o recalque e por outro, à formação do sintoma permite uma satisfação pulsional.

Leia mais: Alzheimer: vídeo de 1 minuto mostra como são os sintomas

Pode-se dizer que o sintoma além de ser um conflito, é uma ferramenta que aparece como conciliação entre as forças que entram em luta. Desse modo, o sintoma é paradoxal, revela uma satisfação e um sofrimento ao mesmo tempo, pois mostra um desejo e as defesas contra este mesmo desejo.

“O sintoma emerge como um derivado múltiplas-vezes-distorcido da realização de desejo libidinal inconsciente, uma peça de ambiguidades engenhosamente escolhida, com dois significados em completa contradição mútua” (Freud;1916: 363).

Freud (1916) discorre no texto “O sentido dos sintomas”, que a manifestação sintomática é rica em sentido e está relacionado com as vivências do sujeito que a porta.

Leia mais: 17 Filmes sobre o Pensamento de Freud que Você Precisa Assistir

O sintoma carrega um sentido, um sentido inconsciente, ele diz algo mesmo que o sujeito nada saiba sobre isso. O trabalho analítico é interpretar e decifrar o desejo inconsciente que forma esse fenômeno.




Psicóloga clínica pela PUC-SP há mais de dez anos, com formação em Psicanálise e especialização em Psicologia da Infância pela UNIFESP. Realiza atendimentos psicológicos online. Tem vivência cultural na França, e discute sobre a experiência de ser estrangeiro na sua fanpage. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui