Não temos controle sobre os acontecimentos, mas podemos controlar o que guardamos dentro de nós, mantendo o que enriquece e esquecendo o que não contribui em nada.

Essa vida nossa de cada dia não é fácil. Os problemas parecem se avolumar com a passagem do tempo e, pior ainda, quanto mais vivemos, mais pessoas perderemos, inclusive aquelas que nos eram porto-seguro: nossos pais. Nada é previsível, tudo pode mudar em um átimo de segundo, não há nada que não possa ser virado de cabeça para baixo. Sim, ganhamos muito com as experiências, mas sempre existirão perdas irreparáveis pelo caminho.

Embora as incertezas que nos envolvem sejam inúmeras, acabamos nos apegando a certas coisas, certos momentos e a determinadas pessoas, na tentativa de salvaguardar um pouquinho de segurança em nossas vidas. E, nesse sentido, não raro nos prendemos a muito daquilo que nada acrescenta, a lembranças dolorosas, a pessoas que ficam ali sem estarem juntas de verdade. É assim que, mesmo achando que temos coisas nossas e pessoas próximas, de fato estamos perdendo: perdendo tempo, perdendo afeto, perdendo um pouco de nós mesmos a cada dia.

Ainda assim, por mais que nos enganemos com a permanência ilusória do que achamos ser nosso, impossível não percebermos o tanto de gente que se vai, de oportunidades que se distanciam, de momentos que ficam lá atrás.

A gente vai caminhando e deixando tanto pelo caminho e, enquanto nos agarramos ao que não tem serventia, muitas vezes deixamos escorrer por entre nossas mãos o que deveria ficar. E o que ficou forçado se fragiliza, enfraquece e acaba indo embora também, uma ou outra hora.

É por isso que muitas pessoas, com o tempo, acabam não se permitindo mais amar, não se entregando, não se abrindo, fechando-se em si mesmas, fugindo ao amor, à amizade, a qualquer tipo de relacionamento. Deixam a dor preencher toda a sua essência, não reservando espaço para o prazer dos encontros verdadeiros, tornando-se incapazes de tentar de novo. É por isso que tantas oportunidades e tantas pessoas especiais passam e se deixam escapar.

Infelizmente, a dor da decepção é imensa, porém, ela jamais pode ser mais forte do que a esperança que todos devemos carregar dentro de nós. Esperança no amanhã, na vida, no amor, em nós mesmos.

O que for nosso de fato ficará para sempre, dentro de nossos corações, de nossa alma, pois a força do amor sempre será mais forte do que tudo, até mesmo do que a dor da morte.

Não temos controle sobre os acontecimentos, mas podemos controlar o que guardamos dentro de nós, mantendo o que enriquece e esquecendo o que não contribui em nada. É assim que que a vida respira dentro de cada um de nós.




Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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