Alguns pais quando se separam um fica com a guarda da criança e o outro só a visita em tempos combinados ou determinados pela justiça. Ocorre que existem pais ou mães que costumam colocar as crianças contra o outro genitor, aquele que não tem a guarda. Fala coisas desagradáveis à criança sobre o outro genitor, diz que ele não merece confiança, que não a ama, que não veio buscá-la para passear porque não quis e por aí vai. Os pais e avós que fazem isso estão causando um mal irreversível na criança que só será percebido quando ela estiver maiorzinha.

A pequena criança acredita naquilo que lhe dizem e passa a desgostar do outro genitor de quem tanto amava anteriormente, passa a vê-lo como uma pessoa estranha e até mesmo aparece o medo de estar com o outro genitor porque ele oferece risco a sua vida.

De tanto que foi colocado no seu pequeno pensamento de que o outro genitor é uma pessoa ignorante, agressiva, incompreensiva e maldosa, a criança passa a fugir dele evitando passeios, festas ou ficar sozinha com ele. Esse é um problema sério e que machuca muito o genitor que vive distante da criança e que vê as possibilidades de aproximação cada vez diminuírem pela alienação parental provocada por quem está com a guarda da criança.

Precisamos amar as crianças como elas merecem. Não podemos colocar os nossos filhos contra os seus próprios pais ou avós. Eles devem ficar perto de quem amam sempre que desejarem.

É inconcebível provocar medos numa criança sobre o genitor que já não convive mais dentro de casa, que pediu o divórcio e foi morar em outro lugar ou que por algum motivo precisou se separar do seu filho ou neto. As crianças sofrem quando dizem para elas que aquela pessoa que tanto amavam passou a ser uma espécie de monstro. Assustar a criança com mentiras em relação ao seu genitor distante é um ato de violência contra as suas emoções e amor aqueles que tanto amam e admiram.

A criança além de sofrer com a separação do genitor que tanto ama ainda passa a sofrer alienação parental. No seu pequeno mundo ela sente-se abandonada pelo outro, rejeitada e esquecida. Vive sentimentos de desconforto quando está próxima do outro genitor quando vai visitá-la. Em certos casos as crianças passam se tremerem de medo, outras fazem xixi nas calças e ainda há aquelas que gritam para não ficarem sozinhas na presença do outro genitor. É muito triste a alienação parental. Os pais e avós que fazem isso precisam saber que estão provocando um grande mal a saúde psicológica das suas crianças e contribuindo para que se tornem adolescentes problemáticos.

Os motivos de quem pratica a alienação parental são a vingança em relação aquele que não mais o ama e não quer mais viver uma relação amorosa; logo, o genitor rejeitado pelo parceiro não consegue poupar o próprio filho das suas tristezas e decepções com um casamento acabado. A criança não poderia ser o alvo dessa vingança, mas é o que ocorre desde há muitos tempos e que só agora recebeu o nome de alienação parental.

Existe lei para proteger as vítimas desses abusos e aqueles que se sentirem prejudicados devem procurar ajuda da justiça como também de psicólogos que possam desfazer essa ideia que foi colocada no pensamento da criança de que o genitor que não mora mais na mesma casa virou um desconhecido que pode fazer-lhe mal. Quando amamos uma criança só pensamos no seu bem-estar.

Alguns pais dificultam o contato dos genitores com os filhos, realizam campanha de desqualificação do mesmo, omitem informações da criança sobre o desenvolvimento escolar, dados médicos e até mesmo alterações de endereço.

Mudam de domicílio sem informarem o novo endereço para deixarem a criança distante do genitor não detentor da guarda. Aprendam a amar os seus filhos. São atitudes negativas que só afetam a criança que não compreende direito o que está ocorrendo com o genitor distante. É preciso respeitar a criança e nunca tirá-la do convívio de quem ama. O amor e cuidado são importantes às criancinhas. Não use a sua criança como vingança para uma separação amorosa. Proteja-a. Ela vai precisar de amor.




Rosângela Trajano é licenciada e bacharel em Filosofia com mestrado em literatura, escritora, ilustradora e professora de filosofia para crianças. O que mais gosta de fazer é poetizar para crianças. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

6 COMENTÁRIOS

  1. Tema muito bem escolhido pela autora. O amor de uma criança não pode ser moeda de troca ou vingança! contra quem um dia amou. Causando futuras frustações e sequelas na criança. Sem contar o vazio que vai existir quando essa criança vier a entender que falta alguém pra completar! Um pai ou uma mãe ou mesmo os avós.
    Parabéns pela clareza do assunto e a abordagem sutil de um assunto delicado e que precisa ser mais difundido nos lares e nas audiencias conciliatórias dos casais.

  2. Li, e reli… Texto para ser trabalhado em Pastorais, Formação de Professores, famílias, em qualquer ambiente onde os pais estão presentes, por exemplo, Reunião de Pais e Professores… Tema oportuno é necessário. Um fato que vem ocorrendo com certa frequência, em muitos lares. Aplausos, Danda! Maravilha de artigo! Muito útil e importante reflexão. Um abraço!

  3. Olá amiga, li seu texto excelente texto, muito pertinente e atual. Muitas crianças e jovens sofrem cim esses tipos de abusos e violência psicológica digo desse ponto de vista, porque a partir do momento que cola as crianças pra não gostar de um dos pais, isso afeta a cabecinha dos pequenos. Imagina o quanto isso prejudica no futuro. Vale a pena ser discutido, trabalhado nas escolas e dentro de nossas casas.
    Parabéns, sempre nos brindar com temas relevantes.
    Abraços!

  4. No judiciário precisaria ter muito mais juízes e promotores preparados pra esse tema. Os conselhos tutelares também. Esse assunto é de extrema importância e se vê muitas autoridades despreparadas pra cuidar dos casos.

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