O que tem a ver o fim do meu sofrimento nesta vida (sofrimento aqui como sinônimo de insatisfação, confusão, desequilíbrio, etc.) com eu conhecer a mim mesmo?

Geralmente percebemos nosso sofrimento como vindo de alguma fonte ou causa externa, como uma pessoa ruim ou que me causa coisas ruins, um trabalho com problemas, falta de dinheiro, moradia insatisfatória, etc.

Mas, e se não for assim? E se essas situações forem, na verdade, consequências de algo que está em mim, na minha mente, no que acontece com ela?

Na obra “Portões de Prática Budista“ o mestre tibetano Chagdud Tulku Rinpoche (1930-2002) dispõe uma explicação básica e fundamental de como o autoconhecimento e, principalmente, os processos da minha mente podem me levar infalivelmente ao fim do sofrimento.

Isso está evidente nas Quatro Nobres Verdades enunciadas pelo próprio Buda, quando ele afirma que há um caminho para o fim do sofrimento e, então, enuncia os oito passos, ou Caminho Óctuplo, que, aqui, aparece como um texto informal e didático sobre como o sofrimento aparece e como observar a própria mente é o passo mais essencial.

Chagdud Tulku Rinpoche foi um importante mestre de Budismo Vajrayana do Tibete, que residiu em vários países inclusive no Brasil, onde ensinou e expandiu o Budismo, criando centros como o conhecido Chagdud Gonpa Khadro Ling, em Três Coroas, no Rio Grande do Sul.

Chagdud dizia que a diferença entre um praticante e o não-praticante é que “este último percebe o mundo dos fenômenos com se estivesse olhando por uma janela, enquanto o praticante o faz como se estivesse olhando num espelho“.

Eis o pequeno trecho:

“Para compreender como o sofrimento aparece, pratique observar sua mente.

Neste espaço da mente não há problemas não há sofrimento.

Então, alguma coisa prende sua atenção – uma imagem, um som, um cheiro. Sua mente se subdivide em interno e externo, “eu” e “outro” sujeito e objeto.

Com a simples percepção do objeto, não há, ainda, nenhum problema. Porém, quando você se foca nela, nota que é grande ou pequeno, branco ou preto, quadrado ou redondo.

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Então você faz um julgamento – por exemplo, se o objeto é bonito ou feio. Tendo feito esse julgamento, você reage a ele: decide que gosta ou não do objeto. É aí que o problema começa, pois “Eu gosto disto” conduz a “Eu quero isto”. Igualmente, “Eu não gosto disto” conduz a “Eu não quero isto”.

Se gostamos de alguma coisa, se a queremos e não podemos tê-la, nós sofremos. Se a queremos, a obtemos e depois a perdemos, nós sofremos. Se não a queremos, mas não conseguimos mantê-la afastada, novamente sofremos.

Nosso sofrimento parece ocorrer por causa do objeto do nosso desejo ou aversão, mas realmente não é assim – ele ocorre porque a mente se biparte na dualidade sujeito-objeto, e fica envolvida com querer e não querer alguma coisa.

O que temos que mudar é a mente e a maneira como ela vivencia a realidade”.

— Chagdud Tulku Rinpoche, em “Portões de Prática Budista”.

(Autor: Nando Pereira / Fonte: Dharmalog)
*Título original: Para compreender como o sofrimento aparece, com Chagdud Tulku Rinpoche




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

1 COMENTÁRIO

  1. É uma pena que o texto recorra ao budismo e não à Psicanálise para explicar o sofrimento. Deixa de ser científico, para tentar promover uma bobagem tão grande como o budismo. Budismo é invenção de Buda, e Buda era somente um cara, não era um psicólogo, não estudou a mente humana, não teve uma revelação sobrenatural. O que ele falou foi pura invenção da cabeça dele.

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