Quando entramos em um relacionamento, não entramos pensando que um dia ele chegará ao fim, muito menos podemos prever quando isso acontecerá. Ressalvo as traumatizadas que de tanto quebrar o coração já nem sequer são capazes de se envolver, e quando isso acontece o fazem com dois pés atrás. Eu sou contra esse tipo de comportamento. Acredito que se resguardar é importante, mas se focamos nisso sem nos entregarmos completamente, estamos antecipadamente declarando fracasso. E eu não vim nessa vida para fracassar meu Anjo, perco a batalha, mas nunca a guerra.

Se esse pensamento de fim passa por nossas cabeças, a sensação que podemos prever é dor, nada menos que isso. Porém, não podemos mensurar a verdadeira catástrofe que é quando ele chega. Dizer que dói é bondade nossa na maioria dos casos. “Dói pra porra”, “dói pra caralho”, seria uma melhor forma de se dizer. É como dor de morte de um ente muito querido. Talvez a maior dor não física que somos capazes de sentir.

Esse negócio de fim de relacionamento nos arrebata de tal maneira que desejamos morrer para cessar a dor. Dormir e nunca mais acordar. Lidar com a rotina do dia a dia se torna praticamente impossível. É FODA, não existe outra maneira de dizer isso. E se fosse mesmo foda, ainda seria bom. Principalmente se um dos motivos do término está relacionado com TRAIÇÃO. Aí meus caros, o rombo é ainda maior.

Você não consegue nem imaginar a pessoa que você ama tocando outra pessoa. Daí agora tem que lidar com a realidade bem na sua cara – o amor da sua vida, que dividiu com você momentos de alegrias, cumplicidade, necessidade, sacanagem… Rindo e acariciando outra mulher. – É um Tsunami de emoções que cravam no ventre nos tirando todo tipo de força existente. Ele dividiu com você sua vida que, aliás, você dedicou a ele de bom grado. Cada plano feito, cada promessa dada, cada suspiro gerado, agora pesa no peito de forma a te jogar mais e mais para baixo.

E as dúvidas? “Senhor Pai Todo Poderoso”, você roga aos céus, independente de religião. “Por que Senhor ele foi fazer aquilo? Por quê? Como? Quando? Onde? Por que não damos certo, por que ele não cede? Por que tanta briga Senhor, por quê?” Minha amiga, nem mesmo o Senhor sabe dizer. Essas dúvidas talvez nunca serão respondidas. E é exatamente por isso que enlouquece tanto, machuca. Terminar um relacionamento é ser destruída por dentro. É o fim. É a morte. E como toda morte, precisamos de luto para superar.

Entre em luto. Curta a fossa. Faça o que tiver vontade. Não se sinta forçada a mostrar ao mundo que você está bem, isso só te fará mais mal. Você não é a super – hiper – ultra – mega – power mulher maravilha, ninguém é e você não precisa se preocupar com a forma que os outros te veem, principalmente neste momento de dor. Todo mundo já levou um chifre, já levou um pé na bunda, ou já teve que desistir de um amor. Por cima ou por baixo dói, e não estou falando de sexo. Refiro-me à forma que tudo termina.

Então mulher, deixe os hipócritas de lado e cuide da sua cura. Se tem uma coisa que aprendemos com o tempo é que isso passa, essa dor que hoje você pensa incurável, um dia vai embora, independente de quanto tempo leve. Pode ser que estar com as amigas ajude, pode ser que outro amor conserte, pode ser que um novo sonho resolva, mas isso tudo sem ser forçado, manipulado, programado.

Deixe sua alma sentir a dor da perda, deixe seu coração chorar o que tiver que chorar, deixe sua mente colocar para fora o que está engasgado no hipocampo do seu cérebro. Faça o que te faz bem. Encontre uma luz para te guiar, pode ser qualquer coisa ou alguém. Se apegue a antigos sonhos ou novos estímulos. Deixe estar, deixe sentir, que um dia você estará pronta para quebrar a cara novamente.

Brincadeiras à parte, não existe fórmula mágica que te faça superar essa dor. Tempo é amigo nessas horas, amigo é amigo, sorvete também é amigo. O que não é amigo definitivamente é fingir uma força que não se tem, nem nunca existiu. Por isso minha amiga, derrame quantas lágrimas precisar, que um dia enxugará os olhos e verá a magia que a vida ainda possui e o quanto ela está disposta a te encantar.

O luto é preciso para curar o espírito.




Publicitária por formação, aeromoça por opção e escritora por paixão. Virginiana, perfeccionista, mãe do Henri. Entre fraldas e mamadeiras, entre pousos e decolagens, entre artes e artimanhas, ela escreve. Escreve porque para ela, escrever é como respirar: indispensável à vida! É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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