Já notou que, não raro, ficamos prestando atenção justamente em quem costuma não nos dar muita atenção, remoendo o que não somou, não retornou, não aconteceu, deletando quase que instantaneamente tudo de bom que nos acontece e esquecendo aqueles a quem somos importantes?

Que coisa doida essa mania de guardarmos aqui dentro o que deveria estar lá fora, ao passo que deixamos lá longe de nossos pensamentos tudo e todos que nos chamam para junto de si.

É quase que impossível termos um dia em que somente aconteçam coisas ruins, em que somente sejamos desprezados, esquecidos e deixados de lado.

É claro que, em meio a um dia marcadamente difícil, alguém foi gente conosco, alguém disse algo bom, algo positivo ocorreu ali do nosso lado.

Porém, ao fim do dia, o que nos sobra de mais pesado, ocupando quase que a totalidade da gente, parece ser sempre o que não aconteceu, as palavras agressivas que ouvimos, as pessoas desagradáveis que nos encheram a paciência.

Cansados após um dia extenuante, acabamos por deixar que a parte negativa das horas preencha toda a nossa essência, enquanto lembramos e relembramos tudo o que nos desgostou, todos que nos desapontaram, como se um dia ruim determinasse que nossa vida fosse ruim.

Por mais que sejamos alertados para a necessidade de resgatarmos nossos melhores momentos e nossas mais belas lembranças, o que foi ruim e nos magoou muitas vezes ganha o espaço mais importante dentro de nós.

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É preciso que nos forcemos e nos esforcemos, no sentido de não deixar que essas porradas que a gente leva nos derrubem demoradamente, pois é a forma como enxergamos as coisas que irá nos tornar mais aptos a dar o devido valor ao que merece nossa atenção e a saber com quem deveremos gastar nossas energias.

Não é fácil, mas teremos que saber que, se o outro vive sem nós, também poderemos muito bem respirar sem ele, longe dele, bem longe. Quem não nos valoriza mal sabe o que está perdendo.

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É assim mesmo, teremos que seguir, prosseguir, continuar acreditando que há algo melhor por vir, amanhã ou depois, porque merecemos, porque fazemos por onde, porque somos gente do bem, porque é o que nós queremos, com todas as nossas forças.

A vida não é fácil, nunca foi nem nunca será. Ninguém é feliz o tempo todo e merdas acontecem. Ainda assim, como é bom viver, melhor ainda quando não desistimos de sorrir, junto de quem gosta da gente e sem machucar ninguém nesse percurso. Vivamos!




Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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