Família

Celebrando o dia das mães sem a minha mãe

“A vida acontece num equilíbrio entre a alegria e a dor”. (Carl Jung)

Comemora-se o dia das mães no Brasil. Para mim, este será o 25º dia das mães sem a minha mãe. Ela morreu em agosto de 1990. Assim como eu, com certeza há milhares de pessoas que celebrarão esta data de uma forma simbólica.

O dia das mães é um dia interessante. Muitas pessoas relatam que se sentem carentes, sozinhas, abandonadas, tristes, chorosas e órfãs. Tenho a sensação de que esta data nos remete a uma das dores mais profundas que a nossa alma pode sentir: a perda de uma mãe. Afinal, nossas mães são essenciais em nossa evolução para a idade adulta. Com elas criamos laços de amor e afeto que nos permitem ser no mundo. Não importa que você tenha tido uma relação difícil com a sua mãe. Mesmo assim, ela ainda ocupará um lugar central em nossas vidas.

Contudo, não podemos deixar que a angústia e a tristeza dominem este dia. Podemos fazer deste dia um “dia de memórias”. Eu penso que é possível celebrar este dia de uma forma simbólica, que faça sentido para você. Que tal reservar um tempo para celebrar as boas memórias que você vivenciou com sua mãe?

Talvez você possa fazer algo que lembre a sua mãe, por exemplo:

-Preparar o prato predileto dela para o almoço de domingo;

-Ouvir a música que ela tanto gostava;

-Imprimir uma fotografia com ela – algo que há tanto tempo você desejava fazer e ainda não o fez por falta de tempo – e colocar em um porta-retratos em um lugar de destaque na sala;

-Usar algo que ela lhe deu, ou uma peça de joalharia que foi deixado para você depois que ela morreu;

-Ir ao cemitério e colocar flores em seu túmulo ou fazer uma oração de acordo com suas crenças religiosas;

-Talvez você possa escrever uma carta para a sua mãe dizendo o quanto você é grato por ela e sobre o seu amor;

-Caso sinta vontade, compartilhe seus sentimentos com sua família e/ou seus amigos. Converse sobre ela com eles. Isso pode te ajudar a elaborar a dor da perda.

“Aquilo que a memória amou
Fica eterno” – (Adélia Prado)

O dia das mães será para todo o sempre diferente depois que perdemos a nossa. Faz parte do processo de luto compreender as emoções que esta data nos proporciona e, na medida do possível, se reorganizar emocionalmente para vivenciá-las. A morte da mãe implica geralmente numa profunda mudança em nossas vidas e na forma como vamos continuar a caminhada. Talvez você encontre uma nova forma de vivenciar estes momentos, pois a elaboração do luto passa pela assimilação da ausência com a celebração com aqueles que estão vivos e fazem parte da nossa existência.

(Autora: Nazaré Jacobucci – Psicóloga Especialista em Luto; Member of British Psychological Society
(Fonte: perdaseluto.com )

Nazaré Jacobucci

Psicóloga Especialista em Psicologia Hospitalar e Luto, Member of British Psychological Society. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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  • Ler sua matéria me consolou um pouco, pois será o primeiro dia das mães sem minha mãe ... ela se foi a sessenta dias e a dor ainda é muito grande .

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Nazaré Jacobucci

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