É comum que novelas e notícias de jornais tratem de pessoas que, aparentemente, furtam apenas por prazer. Pouco comum é ouvirmos falar em pessoas que sofrem de cleptomania, uma doença psiquiátrica classificada como um tipo de Transtorno de Controle dos Impulsos.
“A cleptomania é um problema crônico, não tem cura, só acompanhamento. E demora a se chegar a um tratamento”, afirma a psiquiatra do Einstein, Dra. Mara Fernandes Maranhão. “O indivíduo precisa estar sempre atento, pois existem períodos de mais vulnerabilidade como, por exemplo, os episódio que envolvem estresse”, explica.
“A doença proporciona um prazer momentâneo em possuir algo que não é seu, muitas vezes sem valor monetário, e em fazer algo perigoso, proibido e de forma impulsiva. A pessoa sabe que pode prejudicar, mas não resiste ao ato de furtar”, analisa a psiquiatra.
De acordo com ela, o indivíduo que sofre desta doença experimenta três momentos bem distintos:
A principal diferença entre o cleptomaníaco e um ladrão comum é que, para o segundo, existe a recompensa do valor do bem roubado.
“O indivíduo com esse tipo de transtorno muitas vezes nem chega a fazer uso dos objetos furtados, podendo guardá-los, devolvê-los ao dono, doá-los ou mesmo jogá-los fora”, relata a médica.
A cleptomania já vem sendo estudada há muitos anos, mas é de difícil diagnóstico por conta do preconceito do próprio paciente. Saber que o ato de furtar é socialmente condenado faz com que o paciente geralmente procure o psiquiatra por outros problemas, como depressão, ansiedade e transtornos de personalidade.
Segundo a psiquiatra, o aparecimento da doença costuma ocorrer no final da adolescência e início da idade adulta. “Apesar de existirem poucos estudos científicos sobre a cleptomania, ela parece acometer as mulheres mais frequentemente (mais ou menos 2/3 dos casos). Mas não se sabe se isso ocorre pelo fato de as mulheres procurarem mais ajuda do que os homens”, explica a Dra. Mara.
A doença pode aparecer combinada a outro transtorno psiquiátrico e o tratamento também é um grande problema para os médicos, pois nem sempre atinge o resultado esperado.
Ele compreende terapias farmacológicas (em geral medicamentos que diminuem a impulsividade – como anticonvulsivantes e/ou antidepressivos) e não-farmacológicas.
Neste segundo grupo estão as terapias psicodinâmicas, que são de longo prazo e que não focam apenas nos sintomas, mas no significado dos atos para o indivíduo, e as chamadas cognitivo-comportamentais – que o ajudam a analisar o comportamento atual e a encontrar formas de modificá-lo.
(Fonte: www.einstein.br)
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