Amor

Nossos amores platônicos

Maria ama João, que ama Paula, que ama Pedro, mas Pedro ama Manuela.
Quem nunca teve um amor platônico que atire a primeira pedra.

O amor platônico refere-se a Platão, filósofo grego do período clássico da Grécia Antiga. Em seu conceito, o amor platônico não está relacionado a um sentimento não correspondido, mas à amizade baseada na admiração e na beleza de caráter do outro, onde a energia sexual e atração física devem ser canalizadas à esfera emocional e intelectual e não à busca pelo encontro físico. É um amor mais filosófico e que ele nutria pelos seus discípulos, diferente da definição que damos ao amor platônico, atualmente. Platão acreditava em dois mundos, o das idealizações e fantasias e o real, imperfeito.

A maioria das pessoas fantasia acerca das relações amorosas, desejamos encontrar o amor perfeito, aquele que vai nos levar ao paraíso, onde viveremos felizes para sempre e a paixão será eterna. No início da relação, durante a fase da paixão, idealizam o ser amado, colocando-o em um pedestal. Mais tarde, à medida que o amor vai amadurecendo e a paixão terminando, passam a viver o amor real com todas as suas imperfeições e crescem nesse amor em meio a desilusões e alegrias.

Mas, existem aqueles que vivem em um mundo à parte, cheio de fantasias amorosas, são pessoas que nunca se aproximam de quem amam, por medo de serem rejeitados ou de não corresponderem aos anseios do ser amado. Esse sentimento de inferioridade é comumente encontrado entre jovens que ainda têm pouca experiência, mas aos poucos com o tempo e a prática, entre encontros e desencontros, eles vão superando a timidez, a insegurança e começam a estabelecer relacionamentos mais estáveis. Tudo isso é normal e faz parte do aprendizado da vida de todos nós, sendo um problema, apenas, quando a dificuldade de se relacionar persiste pela vida adulta.

Algumas pessoas que sofreram fortes desilusões amorosas, muitas vezes, costumam “proteger-se” por traz de um amor platônico, evitando se relacionar com alguém para não experimentar os eventuais despontamentos inerentes à relação amorosa. Essa atitude acaba trazendo prejuízos a sua autoestima e elas vão ficando cada vez mais isoladas e solitárias, quando não precisaria ser assim. A psicoterapia pode ajudar bastante nesses casos.

Quando estamos apaixonados, precisamos encontrar uma maneira de fazer o outro saber de nosso interesse e não ficar esperando que ele adivinhe. Nem sempre seremos correspondidos, o que não significa que somos inadequados, mas que o outro não está disponível, talvez porque goste de outra pessoa, talvez porque, simplesmente, a química não bateu, risco que todos corremos.

Bola para frente, porque o amor está em todos os lugares. É importante lembrar que o cenário da sedução é a vida cotidiana e procurar avaliar, quais são as nossas expectativas em relação aos relacionamentos, pois muitas vezes, perdemos a oportunidade de conhecer pessoas interessantes, porque ficamos sonhando com um par “perfeito”, idealizado.

A admiração é a base para o amor. Se você estiver em busca de um relacionamento precisa ser uma pessoa inspiradora, que agregue valor à vida do outro, que não o sufoque com ciúme doentio ou espere que ele esteja disponível para satisfazer todas as suas carências. Se você não sente que tem essas qualidades, porque o outro deveria se interessar por você?

Para viver um amor real e não de fantasia é preciso permitir-se, estar disposto a construir uma história a dois com tudo o que vem com ela, inadequações, desapontamentos e desencontros. Mas também, encontros, amor, sexo, cumplicidade diária e o sentimento de sermos acolhidos pelo ser amado. É tudo isso que faz o amor valer a pena.

(Carmen Janssen, psicanalista, sexóloga e palestrante internacional)

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Carmen Janssen

Psicanalista, Especialista em Sexualidade Humana. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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