Amor

Aos quarenta, o amor deixa de ser comédia romântica

O amor não tem idade, não tem cor e é inodoro.

Pode ser detectado pelos sentidos, mas a definição pode não ser entendida, pode ser escondida e sem tradução.

O amor é aquele trequinho bom e estranho, que tem o poder de balançar e bagunçar a vida da gente. É uma coisinha boa de sentir e viver, que ninguém consegue tocar, porque é abstrato.

Muitas vezes, somos abduzidos por alguém, sem permissão e sem explicações. Amor, é aquilo que não sei explicar ou definir, mas que sinto queimar dentro de mim e minha alma suspira.

O amor não é magia, muito menos encantamento, é apenas a essência dos sentimentos e alguns dizem que está em extinção. Eu penso que ainda tem muitos amores por aí e que precisam apenas de atenção. A distração nos faz relapsos e quando se trata de sentimentos, podemos perder a chance.

Leia mais: O amor não é uma mágica – texto inédito de Flávio Gikovate

O amor não tem idade, mas amar aos quarenta é… Como amar aos dez, aos vinte, aos trinta…

A maturidade nos faz sentir um amor melhor: com mais amizade e mais afinidades. Aos quarenta, amar alguém é mais intenso do que tenso e deixamos de ser amadas para sermos amantes. Aos quarenta deixamos para trás aqueles momentos de conquistas para sermos mais diretas, porque ser nós mesmas é o segredo dos relacionamentos. Aquele amor comédia romântica de antes, agora é um romance pés no chão.

Mesmo com quarenta anos, talvez não entendamos muito sobre o amor, mas nos tornamos menos complicadas e mais sensatas. Não queremos mais esperar por alguém que não vai aparecer ou que ficou na promessa. Não temos mais paciência em esperar pelo momento certo, porque qualquer hora foi feita para ser feliz e se entregar. Não queremos mais um alguém presunçoso, problemático, incerto e que não sabe o que quer, queremos apenas um alguém que nos olhe nos olhos e nos conquiste por inteira. Não queremos mais aquele alguém lindo, gostoso e que tenha uma condição financeira boa, porque precisamos de sermos amadas de verdade, desejada em todos os sentidos e que seja apenas honesto e trabalhador.

Leia mais: Os ingredientes fundamentais para o amor maduro – Aaron Beck

O amor não tem idade e não escolhe ninguém a dedo, apenas acontece sem muita expectativa e atenção. Quando eu tinha vinte anos sonhava como menina e queria um alguém todo meu e que me fizesse feliz, hoje, aos quarenta, quero apenas um abraço que me acolhe, um colo que cabe meus sonhos, meus cansaços, meus medos e minhas conquistas. Quero um beijo de entrega e descontraído, e não precisa ser mais do que isso, mas que seja meu.

A idade nos ensina a simplicidade de viver, nos mostra que precisamos nos entregar ao amor e viver com intensidade, porque tudo passa tão rápido. A idade nos dá lições de aprendizagens e joga na nossa cara tudo que não deu certo.

Leia mais: Ela quer um amor calmo

Amar aos quarenta é mais tranquilo, mais libertador e mais envolvente. A maturidade é o segredo para se viver melhor, é o equilíbrio, é saber o que se quer de fato, é se tornar independente de corpo e alma. Aos quarenta, sabemos que um alguém para sempre existe apenas quando há doações e entregas. Nenhum casal será para uma vida toda se os dois não cederem, se os dois não abraçarem os problemas, se os dois não tiverem a mesma intenção de serem felizes juntos, porque amar é unir as diferenças.

E aos quarenta, queremos serenidade e, se não houver amor, que o beijo de ontem tenha a intenção de nos ligar mais vezes, porque todo momento é para sempre enquanto dura.

Simone Guerra

Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

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