Comportamento

(uma vida) entre parênteses

Nosso erro é querer ser grande, sendo pequena. De todas as formas possíveis de ser. Nosso erro é achar que a nossa verdade é absoluta e bater de frente com outras verdades alheias. Renunciando opiniões diferentes, por achar que a nossa opinião é mais forte. Mais certa. Mais verdadeira.

Nosso erro é nos perder em nós mesmos. De tentar ser quem não somos, por status, por admiração, por pena. De mudar de roupa cem vezes, tentando achar um estilo, copiando estilo de outras pessoas. De querer agradar quem pouco nos agrada. Ou com quem nem se importa. Com a gente. Com o próximo. Com o nada. Nosso erro é achar que podemos ser quem quisermos, de fato, podemos. Mas, sendo nós. Não tentando copiar outras personalidades.

Nosso erro é querer ganhar o mundo, com pressa, ultrapassando o tempo, trapaceando nossos limites. Sem pensar em quem, quando ou como. A ansiedade aniquila todas as formas de racionalidade. O errado parece certo. E o certo vem pra lembrar que tá errado.

Nosso erro é ter plena convicção que não há mais nada a aprender. Sermos cínicos, não assumir falhas, burlar sentimentos, evitar os sinais. É responder que está tudo ótimo, pra todas as milhões de vezes que nos perguntam se estamos bem, enquanto o nosso mundo desmorona. E, principalmente, é não nos importarmos com o outro – aquele – que apareceu quando menos pedimos e mais precisamos. E ter apontado os holofotes para um “amigo” – aquele – que sumiu quando mais imploramos por colo e menos recebemos.

Nosso erro é substituir encontros familiares por festas descoladas. Trocar prioridade por comodidade. De ser carrasca de namorados e inimigos de todo afeto que é nos dado.

Por sorte, a maturidade bate na cara, até desenvolvermos a arte do discernimento. Da plenitude. Da sabedoria. Nosso acerto é reconhecer todos os nossos erros. De saber ouvir, talvez não entender ou concordar, mas respeitar. De enxergar nossas falhas e corrigi-las. De aprender que pedir desculpas tira todo e qualquer peso, nos deixa leve, nos faz (mais) sincera. De ter coragem de errar mais vezes, enfrentar tudo o que vier e aprender cada vez mais o que ainda dá tempo de aprender. Sempre dá.

É importante errar. E mais importante ainda, aprender. Isso é crescer. Enquanto você não aprender, o erro continuará na sua vida. De uma forma ou outra. Enxergue o lado bom, extraia o melhor, seja grato pelo novo, pela mudança, pelo que deu errado, pelo que deu certo, por tudo. Tudo volta. Imagina que tristeza receber da vida frutos de ingratidão? Te garanto que não é digno. Nem fácil de lidar.

Sua vida é o agora. Tire de dentro do parênteses, a sua verdade. A sua essência para o mundo. Não se exponha, mas não se esconda. Quando nos permitimos ser quem somos, ficamos mais fortes. A vida passa a ter sentido. Não estamos aqui à toa. Estamos sempre em tempo de corrigir falhas, pedir desculpas, assumir erros, superar tristezas, libertar rancores.

Espalhe o seu melhor, seja você e lembre-se: não exista, viva!

Ana Carolina da Mata

Ela ama comer. Tem medo de apontar para uma estrela no céu e acordar com uma verruga no dedo. E também ama comer. Acredita que troca de olhares, às vezes, são mais bem dados que beijos de cinema. Não confia em pessoas que não gostam de animais. E ama comer. Tem medo do escuro e acha normal falar sozinha. Vive no mundo da lua e adora comer por lá também. É sagitariana, paulista, teimosa, devoradora de filmes, gulosa por livros e por comida também. Mas acha tolice tudo acabar em pizza, porque com ela, acaba em texto. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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Ana Carolina da Mata

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