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Crescer… dói?

Ao recebermos uma criança no colo, o instinto humano nos preenche do sentimento de proteção e de responsabilidade. Como aquele ser tão frágil conseguirá dar conta de todas as exigências da sociedade nos dias atuais? A resposta é simples: crescendo.

Segundo o dicionário Aurélio, crescer vem do latim e significa: aumentar, desenvolver, prosperar. Aumentar em quê? Quando observamos uma criança no dia-a-dia, percebemos seu crescimento no aumento do peso e tamanho. Se formos atentos, observaremos também as habilidades adquiridas no movimento, no raciocínio e em muitas áreas, isto é, percebemos o seu desenvolvimento cognitivo.

Juntamente com todos estes aprendizados referentes ao crescer, há um aumento de intensidade e duração dos conflitos e são esses conflitos que nos fazem amadurecer, bem como aos nossos pequenos, a crescer na maturidade emocional.

Enquanto pais dói perceber que os filhos precisam passar por estes conflitos. Qual pai que, em muitos momentos, aproximou o brinquedo do filho em vez de permitir que ele o buscasse ampliando assim sua movimentação? Nestas atitudes simples e inconscientes, os adultos atrapalham o crescimento da criança e faz com que ela espere que este adulto resolva as situações que a própria criança já estaria pronta a experimentar e crescer. Estas situações transformam o crescer em algo dolorido.

Dolorido para os pais, os quais possuem a imagem e expectativa de que para ser “bons pais ou mães”, devam facilitar os aprendizados das crianças, inibindo assim, que elas usufruam de possibilidades, fazendo com que as mesmas “sofram” por irem contra a natureza humana e o instinto do crescer. Desta forma, o crescer, dói.

E o que fazer para sermos bons pais? Primeiramente acreditar no potencial de nossos filhos, permitindo que eles vivenciem as situações que cabem a eles próprios. Uma busca de informações em livros da área ou na internet, auxiliará muito na percepção e conhecimento dos pais com relação ao que em cada idade respectiva a criança pode fazer. Assim, algumas dicas são importantes:

* O bebê, desde os primeiros dias se comunica através de expressões e do choro. O adulto deve utilizar as expressões faciais para demonstrar o que a criança pode ou não fazer. Colocar mão na boca para a criança, nesta idade é fundamental. Não adianta proibir com a palavras. O ato simples de colocar a mão na boca da criança quando ela chora em demasia é essencial para comunicar o que queremos dela. Claro que essa mão na boca deve ser delicada e gentil, nunca agressiva ou hostil.

* Desde os oito meses o bebê já é capaz de buscar e colocar sua chupeta na boca. Quando ele jogar sua chupeta, instigue-o a pegar.

* Por volta de um ano, um ano e meio, a criança precisa subir e descer. Para que ela o faça em segurança, permita que suba e desça de escadas (segurando no corrimão), brinque de andar no meio fio.

* Aos dois anos, é a fase da oposição. Não permita discussões infundadas. Lembre que para a criança, o “não” e o “sim” trazem segurança e o talvez traga insegurança. Seja firme em seus “nãos”. Pense antes de administrá-los para que não tenha que voltar atrás. Seja firme em palavras, atitudes e mantenha a calma. Situações como alimentação, higiene, roupa adequada e ir à escola, não se discutem. Precisa-se fazer, chorando ou não.

* Entre dois e três anos, é a fase do medo. O medo é um sentimento e não é racional. O primeiro passo para administrar o medo é ser empático ao sentimento do filho e acalentá-lo. Depois que a criança sentir-se segura, a explicação racional auxiliará a compreender que o medo é infundado.

* Dos três aos quatro anos é a idade das histórias, “causos” e de falar dos amigos. Em nossa cultura, temos o hábito de ouvir mais atentamente as situações negativas. Ao ouvir à criança, a questione com perguntas que não possam ser respondidas com um “sim” ou um “não”. Lembre: ouvir e conversar, não é induzir. Nesta idade, as crianças já possuem um vocabulário amplo. Instigue-as a resolver as situações na escola conversando. Se ela tiver um modelo de pais onde é ouvida, saberá o tempo de ouvir e falar.

* Cinco anos é a idade dos amigos e do “agito”. Converse com seu filho que a voz mais alta para ser ouvido provoca cansaço nas cordas vocais de quem fala e nos ouvidos de quem ouve. Outra característica importante é aprender a falar de si, e não do que o colega deixou de fazer ou fez de forma incorreta.

Se todos os pais permitirem as crianças auxiliar na manutenção da casa, organizando a mesma conforme orientação da família, a ter autonomia para se alimentar, vestir e tentar resolver os problemas que competem a elas. Se instigarmos à nossas crianças a buscar resolver seus problemas pelo diálogo e propiciarmos tempo para que ela resolva, o crescer não “doerá” tanto, nem para filhos, nem para pais.

Crescer sem dor significa respeito as possibilidade e potenciais que todo ser humano possui. É mais fácil para o adulto resolver os conflitos infantis, porém é mais custoso para a criança ter que aprender mais tarde, o que não lhe foi permitido vivenciar no tempo certo

Rachel Cantelli

Psicóloga. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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Rachel Cantelli

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