Digo com todo a certeza que o objetivo mais comum de todos nós é querermos ser felizes. Queremos sentir alegria, bem-estar e realização pessoal. Queremos concretizar os nossos sonhos e com isso ganhar a noção que estamos a caminhar no caminho que queremos percorrer. Mas o que dizer quando algumas destas coisas ficam comprometidas? Quando a nossa atenção se fixa em todas aquelas coisas que nos retiram energia, que nos mandam abaixo, que nos fazem temer o futuro? Ou quando nos percepcionamos ilusoriamente incapazes? Por vezes, para construirmos a vida que queremos desfrutar livremente a cada momento, exige muito mais trabalho, muito mais autodesenvolvimento do que muitos de nós acreditamos ser necessário. Perante isto, o que pode ser feito?

LIBERTAR-SE DA PREOCUPAÇÃO

Se estamos constantemente preocupados com o futuro, como podemos aproveitar o presente? A resposta é que não podemos. Então, como podemos libertar-nos da preocupação? A resposta é simples, mas trabalhosa. Primeiro, para as pessoas que estão a ser afetadas na sua vida pela ansiedade, julgando nem ter grandes motivos para que isso aconteça, ou que enfrentam uma situação que usualmente não causa ansiedade aos outros, podem estar a sofrer de algum transtorno de ansiedade que necessite de ajuda profissional, seja terapia ou medicação, ou ambas. Felizmente, no entanto, este grupo constitui na realidade a minoria das pessoas.

Para a maioria de nós não passamos a maior parte de nossas vidas inundados em preocupação. Ainda assim, importa saber que não estamos imunes a picos de experiências de ansiedade, principalmente quando pensamos sobre determinados aspetos do futuro que podem facilmente obstruir a nossa capacidade de aproveitar o presente. Que impedem de aproveitarmos a vida na sua plenitude.

Parte do problema, é que, para que você possa ficar totalmente imerso no momento presente, tem de abandonar a grande parte dos seus pensamentos, para que apenas experiencie. Para que apenas viva a sua experiência na totalidade no momento presente. Mas a humanidade, evoluiu pensando, e não apenas sobre qualquer coisa, mas especificamente sobre o futuro (ser capaz de pensar no futuro e planejá-lo deu-nos uma enorme vantagem de sobrevivência). Para aprender a gostar de nós mesmos, para progredirmos, para nos tornarmos melhores pessoas, ou sermos promovidos no emprego, nós não podemos parar de pensar completamente e viver apenas no momento presente, temos sim, de pensar no futuro. Mas devemos pensar no futuro apenas quando nos serve fazê-lo, e não quando isso não nos beneficia. Mas como podemos aprender a fazer isso?

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A CAPACIDADE DE DIRIGIR CONSCIENTEMENTE A NOSSA ATENÇÃO

Os nossos cérebros são máquinas de movimento perpétuo. Nós não conseguimos realmente parar de pensar, mesmo quando estamos totalmente imersos no momento presente. Mas se estamos ou não estamos experimentando fluxo depende se estamos orientando os nossos pensamentos para o nosso interior ou para o experiência naquele momento. (O “eu” que pode escolher entre dirigir a atenção para os nossos pensamentos ou para a nossa experiência, é separado de ambos.) Isto é, nós não podemos realmente impedir-nos de ter pensamentos, mas podemos impedir-nos de prestar atenção a esses mesmos pensamentos no momento que tomamos consciência deles. Principalmente quando esses pensamentos nos perturbam, nos retiram capacidade, nos botam a baixo.

A melhor maneira de parar de prestar atenção aos pensamentos que geram ansiedade, não é à força, tentando resistir-lhes  (os estudos mostram que isso amplia-os). Em vez disso, temos de ser capazes de focar conscientemente a nossa atenção em outra coisa que nos possa mudar o estado incomodo em que nos encontramos. Como? Com outros pensamentos que nos permitam gerar novas sensações e sentimentos. O ideal seria que qualquer atividade que estivéssemos a realizar no presente fosse suficiente para nos distrair dos pensamentos intrusos, mas isso claramente não é o que frequentemente acontece.

Se estamos constantemente a ser distraídos por uma obsessão, por exemplo, com uma situação futura, que nos atrai consistentemente a atenção para longe do momento presente, temos de encontrar um pensamento alternativo que nos distraia para longe dessa obsessão. O pensamento alternativo precisa ser prazeroso e não produtor de ansiedade. E nós não podemos simplesmente ir procurá-lo quando a preocupação obsessiva aparece. Precisamos tê-lo pronto. Necessitamos que essa capacidade de focar intencionalmente a atenção em algo prazeroso ou vantajoso esteja treinada. Isso tem de ser feito até ao ponto em que você consiga focar-se no seu próprio “pensamento funcional”, para que consiga empurrar-se para longe da ruminação obsessiva sobre o futuro, e assim, possa desfrutar o presente.

Por isso, três passos importante têm de ser assegurados por você:

1 – Saber que tipo de pensamentos obsessivos ou perturbadores não são bem-vindos.

2– Criar antecipadamente pensamentos de substituição (em forma de crenças e/ou diálogos internos que pode dizer para si mesmo, ou até de imagens).

3 – Focar a sua atenção intencionalmente no “pensamento funcional” previamente criado no passo 2, no momento que se sentir perturbado por outro tipo de pensamentos.

PERDER E RECUPERAR A ATENÇÃO

A melhor maneira de treinar a sua atenção, é gastar algum do seu tempo a aprender a reconhecer quando a perde. No momento em que perde a sua atenção relativamente ao que estava a realizar, ou onde ela deveria continuar, você fica com a possibilidade de treinar o redirecionamento da atenção. O treino de colocar a sua atenção onde pretende, efetua-se no processo de perdê-la e recuperá-la. Na verdade funciona como se tivesse a exercitar um músculo num processo de contração extensão. Por cada vez que perde a sua atenção e a consegue recuperar, você está a fortalecê-la como se de um músculos se tratasse. Você está exercitando a atenção.

Desfrutar dos nossos momentos presentes (ter a mente focada na experiência) pode parecer algo que devia acontecer naturalmente e não necessitasse de esforço, mas na verdade muitas vezes é bastante difícil. As pessoas que meditam sabem que a prática do foco no presente pode melhorar a capacidade de fazê-lo, e por isso fazem-no. Apesar de ser útil colocar a nossa mente (atenção) no futuro, devemos treinarmo-nos a fazer isso apenas o tempo suficiente para construir visualmente algo benéfico. Ao ficarmos a ruminar demasiado no futuro, colocando-nos em cenários catastróficos e improváveis de acontecer, isso pode comprometer a nossa capacidade de desfrutar a vida que realmente vivemos.

(Autor: Psicólogo, é também preparador mental de atletas e equipas desportivas,

treinador de atletismo e formador na área do rendimento desportivo.

(Fonte: www.escolapsicologia.com)




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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