Vejo nas palavras, num geral, uma forma incrível de curar as minhas dores. Tirar do peito e da cabeça tudo aquilo que estou sentindo, colocar no papel e tentar ver de fora a situação. E se essas dores são causadas por alguém em específico, tenho a mania de escrever cartas.

Cartas enormes, arrogantes, indecentes e, na maioria das vezes, molhadas por aquelas lágrimas que, sejam de tristeza ou de raiva, insistem em cair no meio da escrita. Cartas que eu acabo nunca entregando.

Já perdi a conta de quantas dessas cartas eu já escrevi, me martirizei lendo e relendo por dias, até finalmente decidir jogar fora, para caras que quebraram o meu coração. Se eles mereciam minhas palavras, lágrimas ou o meu tempo? A maioria não. Mas a questão é que eu merecia.

A questão é que a cada cara que quebrava meu coração e a cada nova carta desaforada que eu escrevia, eu crescia.

E hoje eu estou aqui escrevendo uma única carta para todos esses caras. O discurso é diferente.

Apesar de alguns terem me machucado em um nível que eu jamais poderia esperar e de isso fazer com que eu queira xingá-los com os piores nomes que me vierem à cabeça quando por um acaso a gente se esbarra na rua, a verdade é que eu agradeço que eles tenham errado comigo.

É engraçado e um pouco surreal agradecer alguém por ter errado comigo, eu sei. Só que é exatamente o que hoje eu sinto vontade de fazer. Porque a cada decepção amorosa que alguém me causava, eu aprendia a me cuidar um pouco melhor sozinha. Eu aprendia a separar paixão de amor.

Eu aprendia a valorizar todas as outras pessoas que abriam os braços para mim toda vez que eu queria chorar. Eu aprendia, acima de qualquer coisa, a me amar em primeiro lugar.

E todos esses aprendizados, hoje, me fazem muito mais feliz. Eu olho para as cicatrizes que deixaram no meu coração e sinto felicidade. É, felicidade.

Por saber que apesar dos desfechos, eu amei, me entreguei, senti, voei, e ao cair no chão eu me arrisquei e amei mais uma vez. E apesar de o ciclo ter se repetido inúmeras vezes, eu continuo amando. A cada queda, eu aprendo um pouco mais sobre amar ao outro e sobre amar a mim mesma.

É, moços, vocês quebraram meu coração de formas inimagináveis. Mas apesar do que eu pensava no momento da dor, eu tô aqui, de pé, pronta pra novos amores. Eu finalmente parei de me culpar pelo desamor e despreparo de vocês. Vocês não souberam me amar, e tá tudo bem, talvez eu não tenha sabido amar vocês também. E isso não é o fim do mundo.

Na verdade, isso são apenas pedaços do meu mundo, que não para de crescer. Sim, vocês fizeram parte desse mundo. E querem saber? Que sorte a minha que não fazem mais. Não desmerecendo o tempo que passei com cada um ou as lições que me ensinaram, mas convenhamos, ainda há tantos amores por aí para eu conhecer.

(Autora: Karoline Krahl)
(Fonte: entrecartaseamores.com )




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

1 COMENTÁRIO

  1. Bom dia!! Nossa, como me identifiquei com a explanação do texto. Fiz terapia por dois anos e seis meses, digo que foi a melhor coisa que fiz em meu benefício, a primeira coisa “” EU QUIS MUDAR””. Fundamental, ponto de partida, ter que ficar despido totalmente sem medo para você poder aceitar tudo que esta errado em sua vida; muitas vezes o erro não é da outra pessoa é seu, e você passa anos culpando o outro dos erros que cometeu.
    Resumindo:
    Hoje, graças ao meu terapeuta, Drº Mário Sérgio Costa da Silva, estou aqui, resolvendo às situações mais cabeludas que possa aparecer em minha vida. Obrigado .

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