Dentro do estudo da tomada de decisão, sempre acabamos nos deparando com a necessidade de reflexão sobre a desistência. Vivemos em uma cultura que torce o nariz para a ideia de desistência – “quem desiste é fraco”, “quem desiste é covarde” e assim por diante. Contudo, essa é uma visão incompleta e ingênua do assunto.

Em primeiro lugar, a desistência é obviamente relativa: desitir do quê? De seguir a meta errada, por exemplo? Não seria mais sábio então desistir da meta errada e passar e perseguir a meta certa? Quando pensamos sob esse enfoque a desistência perde muito da sua aura negativa, não perde? Sempre quando você desiste de algo pior para você (ou para os outros dentro do contexto) e toma uma decisão que o levará a conquistar algo melhor, a desistência é positiva.

A tomada de decisão gira muito em torno da problemática dos recursos escassos: não temos todo o tempo do mundo para fazermos tudo o que desejamos, nem podemos ter tudo ao mesmo tempo – portanto, precisamos fazer escolhas, precisamos escolher nossas batalhas, definir nossas preferências, nossas prioridades. Nesse contexto do tempo e dos recursos escassos, toda escolha envolve desistência – é preciso abrir mão de todas as outras opções preteridas. E quando o próprio tempo nos mostra que as decisões que tomamos no passado não foram as mais acertadas, podemos nos deparar novamente com o fantasma da desistência.

Desistir, muitas vezes, não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem. Em muitas situações, é mais difícil abrir mão ou virar as costas, mudar de caminho, do que simplesmente continuar empurrando com a barriga. Um dos maiores problemas parece ser a admissão pública da desistência, ou seja, a preocupação com o que os outros vão pensar sobre o que você fez. Considerando que a desistência tem uma fama tão negativa, muitas pessoas têm receio de serem consideradas fracas, covardes ou incompetentes ao “mudarem de ideia”, desistindo de uma coisa para priorizar outra. Cabe a cada um, é claro, refletir sobre o quanto a opinião alheia tem poder de ditar seu próprio destino e tomar decisões com base em suas prioridades individuais, seja o status quo, mantendo as “aparências” ou a satisfação pessoal.

Muitas das decisões que tomamos na vida carecem de discernimento e reflexão e com frequência fazemos o que os outros esperam de nós, mesmo sem pensar. O resultado é um presente (e um provável futuro) diferente do que idealizamos para a nossa vida. Para corrigir o rumo é preciso desistir de algumas coisas, mudar outras para conseguirmos tomar os caminhos certos que nos levarão para o futuro que consideramos melhor para nós mesmos.

No final das contas, a vida é a soma das escolhas que fazemos ao longo do caminho e essas decisões envolvem invarialmente momentos de desistência. Muitas dessas escolhas envolvem justamente aquilo que escolhemos não fazer ou deixar de fazer.

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(Fonte: franchristy.com.br)




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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