Ser mulher não tem explicação, e nem mesmo um livro de milhões de páginas não seria suficiente para descrever nosso jeito de ser, ver e sentir o mundo…

Ser mulher é ser solteira, sozinha, mãe, esposa, amante. É ser flor e ser espinho. É ser amanhecer, entardecer e anoitecer. É ser mil pessoas em uma única durante um dia. É se desdobrar em milhares de pedacinhos para saciar todas as necessidades e dar atenção a quem precisa.

Somos difíceis… Não podemos ser traduzidas e quando temos adaptações, muitas vezes, nos interpretam muito mal. Abraçamos o mundo, beijamos os problemas e distanciamos quando não entendemos. Somos complexas e não tem carinho que não nos comprem. Gostamos de ler pessoas e desvendar mistérios. Colocamos fogo onde está frio e esfriamos quando não é do nosso jeito.

Falamos demais, ficamos mudas e fazemos caras, são necessidades para dizermos que não queremos, que estamos infelizes, que estamos sofrendo por dentro e não tem nada a ver com a tpm. São escapes para sentirmos melhores.

Não somos docinhos sempre. Não podem comprar nosso sorriso fácil. Não somos amargas o tempo todo. Somos bem dosadas e temperamentais. Podemos fazer milhares de coisas ao mesmo tempo e não fazemos nada quando o santo não bate ou cismamos. Somos boas demais, mas se for preciso, somos más, bem más mesmo, porque não vivemos de aparências, vivemos tudo que está dentro de nós.

Fazemos cenas, é verdade, no entanto se é para ser direta e transparente, deixamos de lado a vergonha, o pudor e aquele carinha de santinha para lavarmos a alma e a verdade com quem for.

Não gostamos de silêncio, queremos discutir tudo, falar o que está engasgado, pois não viemos a este mundo para sermos omissas, silenciosas e pacatas. Somos mais mulheres quando é preciso gritar liberdade. Podemos ser o pior veneno e, quando nos ganham, somos o melhor perfume.

Somos insanas, loucas, educadas, ponderadas, depende de como somos tratadas. Não somos como querem que sejamos, somos como queremos ser. Se tentarem nos prender, nos tratar com descaso, até aceitamos temporário, mas tenha certeza que depois vingaremos. Não é maldade, é coisa de mulher… Não somos todas iguais, mas na essência parecemos demais umas com as outras…

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Convivemos com a tpm, com a menopausa. Enfrentamos conflitos hormonais que nos tiram do sério. Sobrevivemos a cólicas insuportáveis e trabalhamos como se nada estivesse acontecendo. Fazemos nossos trabalhos doentes, cansadas, com enxaqueca, com humor variado, porque somos mais fortes do que todas essas situações e sintomas.

Gostamos de gentilezas, carinho e atenção, porque não sobrevivemos a friezas, indelicadezas e distâncias. Podemos abraçar o mundo, a família, a vida, mas não suportamos omissões e mentiras. Precisamos ser abraçadas também, porque somos feitas de sentimentos.

Estamos conquistando nossos espaços, mesmo entre preconceitos e machismos, mas não vamos desistir. Hoje, somos melhores e amanhã seremos melhores ainda. Estamos em processo contínuo de libertação…

Ser mulher é ser de tudo um pouco dosado ou desmedido. É ser alguém que vive com alma e sentimentos à flor da vida.




Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

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