Para ler ouvindo Marisa Monte – www.youtube.com/watch?v=Q0BxXrMa38I

Amor deveria ser um bem comum.

Amor deveria ser grátis. Deveria ser fácil, leve e solto. Tal qual espontaneidade de bicho do mato.

Amor deveria ser cachoeira de águas cristalinas, que dá de beber a quem se aproxima. E deveria também ser terra fértil, pronta pra quem quiser cultivar com as próprias mãos. Deveria ser como o mar, a planta, a areia que nasceu neste planeta muito antes de nós e não há cerca que pudesse forjar uma obrigação, uma definição, uma possessão. Sem drama, sem decisão.

Amor não deveria ser público e nem privado, porque não pertence a nenhuma empresa e nem ao estado. Amor vem da terra, vem do mato, vem na gente antes de saber falar e entender, antes de conhecer a carga pesada da palavra ‘amor’.

Amar não deveria ser livre. Porque amar é a própria liberdade em si.

Todo mundo deveria ter direito ao amor, porque amor que é amor não exclui.

Amor não deveria ter cor, raça, nação… Amor deveria ser cego, surdo, mudo e pobre. Tão rico quanto uma alma solta, tão farto como uma floresta e seus encantos, tão fácil quanto a vida antes dos significados.

Amar deveria ser pomar em território de ninguém.

O amor não deveria deixar uns desnutridos e outros empapuçados.

O amor não deveria ser dividido, pensado, organizado, catalogado, exigido, ignorado. O amor deveria ser apenas compartilhado. Pega-se o que se quer, dá-se o que se tem.

Amar não deveria exigir que a gente fosse melhor do que ninguém pra poder merecer o que já é nosso por essência!

Amar é só energia de cura, de carinho, de compaixão. É deitar num ombro sem saber qual a razão.

É uma expressão de beleza dos olhos, de uma verdade das mãos.

Amor é bom, amor está antes e além de tudo o que convém.

Amar alguém só pode fazer bem.

(Autora: Clara Baccarin)

(Fonte: clarabaccarin.com)

*Texto publicado com autorização da autora.




Clara Baccarin é paulista dos interiores, nascida nos anos 80. É escritora, poeta e agitadora cultural. Faz parte do grupo editorial Laranja Original. Publicou, pela editora Chiado, o romance poético Castelos Tropicais (2015) e a coletânea de poemas, pela editora Sempiterno (2016), Instruções para Lavar a Alma. Em 2017 lança, em parceria com músicos e compositores, o álbum Lavar a Alma, que reúne 13 de seus poemas musicados. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui