Crescemos ouvindo falar do famoso amor de mãe, desse sentimento inigualável, desse momento mágico para as mulheres: a maternidade, mas nem tudo são flores na vida de quem gera um filho.

Durante a gravidez o organismo passa por uma série de mudanças , o que pode desencadear um processo que até pouco tempo nem era discutido, a Depressão Pós-Parto. Se por um lado, todos da família estão felizes com a chegada de uma criança, a mãe pode se mostrar um pouco irritada e desinteressada pelas primeiras ações da criança.

A volta pra casa pode não ser das melhores por conta desse sentimento negativo, em algumas mulheres eles podem aparecer após semanas depois da gestação.

O médico Dr. Frederico Navas Demétrio que trabalha como psiquiatra, supervisor do Ambulatório de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e autor do livro “Entendendo a Síndrome do Pânico”, respondeu aos questionamentos de alguns internautas e a perguntas feitas pelo Dr. Dráuzio Varela, afinal quais são os sintomas e como identificar a depressão Pós-Parto?

Drauzio: Qual a diferença básica entre tristeza e depressão pós-parto?

Frederico Navas Demetrio: É importante estabelecer essa diferença. A tristeza pós-parto é quase fisiológica. Dependendo da estatística, de 50% a 80% das mulheres apresentam certa tristeza, certa disforia e irritabilidade que têm início em geral no terceiro dia depois do parto,  dura uma semana, dez, quinze dias no máximo, e desaparece espontaneamente. Já a depressão pós-parto começa algumas semanas depois do nascimento da criança e deixa a mulher incapacitada, com dificuldade de realizar as tarefas do dia a dia.

Drauzio: Como você distingue a simples tristeza pós-parto de curta duração que passa  espontaneamente da depressão que precisa ser tratada adequadamente?

Frederico Navas Demetrio: Diante de um paciente com palidez cutânea que reclama de fraqueza, o médico pede um hemograma que confirma o diagnóstico clínico de anemia. Em psiquiatria, não existem exames complementares para respaldar o diagnóstico, que depende basicamente dos sinais e sintomas que a pessoa apresenta, de como eles se manifestam ao longo do tempo e de sua intensidade. Outro conceito importante para distinguir a tristeza da depressão Pós-Parto é determinar se o transtorno é disfuncional, isto é, se interfere na vida do dia a dia.

Drauzio: Com que frequência aparecem os casos de depressão pós-parto?

Frederico Navas Demetrio: Segundo revelam as estatísticas americanas, a depressão verdadeira, essa que surge várias semanas depois do parto e requer tratamento específico, acomete em torno de 10% a 15% das mulheres, o que é um número muito alto.

Drauzio: O uso da medicação é sempre fundamental no tratamento da depressão pós-parto?

Frederico Navas Demetrio: É sempre fundamental. Embora algumas depressões desapareçam espontaneamente, uma porcentagem significativa se cronifica. E tem mais: se não for tratado, o episódio agudo pode deixar um resíduo que se confunde com a distimia, uma forma de depressão mais leve, crônica, que interfere na capacidade de raciocínio e no desempenho funcional. Muitas vezes, essa depressão contínua é considerada um traço da personalidade da mulher e nenhuma providencia efetiva é posta em prática.

E se as mãe sofrem com todo esse processo, os pais também pode passar por essa situação, sim a Depressão Pós-Parto masculina existe. Os sintomas de depressão pós-parto masculina, normalmente, surgem desde o final da gestação até ao primeiro ano de vida do bebê e podem ser:

• Irritabilidade e impaciência;
• Tristeza e pensamentos negativos;
• Falta de vontade para conviver com outros;
• Choro fácil e constante;
• Falta de apetite;
• Dificuldade para se relacionar com os filhos;
• Ansiedade e falta de atenção.

Geralmente, os sintomas de Depressão Pós-Parto nos homens estão relacionados com o aumento de responsabilidades, relacionadas com fornecer uma boa vida ao bebê e dar suporte emocional à esposa. Assim, o homem com sintomas de Depressão Pós-Parto também deve consultar um psicólogo ou psiquiatra para iniciar o tratamento adequado.

Seja homem ou mulher o fato é que a Depressão Pós-Parto precisa de um cuidado especial, mesmo o assunto sendo discutido nos dias de hoje, muita gente ainda trata como se fosse “frescura” de alguns pais que passam por essa situação, e na maioria das vezes o primeiro a apontar o dedo e julgar quem passa por esse problema é o próprio companheiro.

Foi assim com a nossa personagem que prefere não ser identificada, nessa reportagem vamos chamá-la de “Maria“, que chegou a ser espancada pelo marido que não entendia o sentimento da mulher em relação ao filho.

“Já na peimeira noite ainda no hospital eu do senti algo estranho quando vi o bebe, ele era lindo fisicamente, mas eu não conseguia pegar ele no colo, o choro dele em incomodava, parecia que ele não tinha saído de dentro de mim. E se no hospital tudo parecia estranho, em casa a coisa ficou ainda pior, eu só chorava e meu marido me perguntava o tempo todo o motivo e eu não sabia dizer, por várias vezes eu pensei em me livrar do menino, mas no fundo eu sabia que aquilo não era normal. Até que um dia depois do primeiro banho do dia do bebê eu fui colocá-lo no berço e usei um pouco mais de força, meu marido achou que eu tinha jogado a criança, partiu pra cima de mim e me bateu.”  nos conta Maria.

Depois, “Maria” disse que procurou um médico e, com a ajuda de vários profissionais, conseguiu entender o problema e convencer o marido de que o que ela estava passando não era bobagem. O tempo passou o filho de “Maria” já tem 17 anos ela garante que o amor por ele é exatamente igual ao que sente pelos outros dois.

Caso você conheça alguém que está passando por esse problema, ou pode vir a passar, segue abaixo um teste que retirei da internet e que pode ajudar a identificar se você está ou não com Depressão Pós-Parto.

Fazer o teste para saber se está com Depressão Pós-Parto pode ajudar a identificar precocemente a depressão, aumentando as chances de cura da doença. Por isso responda este questionário após a 8ª semana a partir do nascimento do bebê:

1. Consegue ver  lado divertido das coisas?
• (0) sempre
• (1) às vezes
• (2) nunca

2. Sente-se culpada quando as coisas não decorrem como queria?
• (0) não
• (1) às vezes
• (2) frequentemente

3. Fica ansiosa ou preocupada sem motivo?
• (0) não
• (1) às vezes
• (2) bastante

4. Sente que está tudo em cima de ti?
• (0) não, na maior parte das vezes encarei tudo bem.
• (1) houve momentos em que não lidei bem com a situação (bebê novo, peso fora do normal, cansaço…)
• (2) sim, a maior parte do tempo sinto que as coisas são pesadas de mais para mim.

5. Sente-se tão infeliz que tem dificuldade em dormir?
• (0) não
• (1) muitas vezes
• (2) quase sempre

6. Sente-se tão infeliz que chega ao ponto de chorar?
• (0) não, nunca
• (1) sim, muitas vezes
• (2) sim, quase sempre

7. Passa ou passou pela sua cabeça fazer mal a sim mesma ou ao bebê?
• (0) nunca
• (1) raramente
• (2) sim, é um pensamento que tenho com alguma frequência.

Caso a SOMA dos valores entre parenteses seja superior a 10, existe uma possibilidade de você estar entrando numa Depressão Pós-Parto. É importante procurar ajuda profissional o quanto antes. Aconselhe-se com seu médico sobre opções de tratamento.

(Autor: Paulo Carneiro)

(Fonte: encenasaudemental.net)




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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