Indivíduos que desenvolveram algum trauma, apresentam bloqueios emocionais, onde a marca principal é o aprisionamento de memórias dolorosas, impedindo a presentificação da vida e conseqüentemente repercutindo na saúde psicofísica do indivíduo.

Em outras palavras, no trauma, a experiencia é bloqueada, sendo vivenciada e presentificada recorrentemente de forma intrusiva no cotidiano da pessoa, como se o evento tivesse ocorrido naquele mesmo dia, com toda a carga psicossomática, vivendo o indivíduo preso em uma armadilha dos fantasmas de suas vivências mal elaboradas.

A revivescência do trauma é a própria presentificação da dor visceral e lancinante.

Por este motivo, ressalto a importância do reprocessamento dos conflitos internos e dores emocionais através da reorganização de um sentido destas memórias aflitivas e emoções disfuncionais, objetivando reconquistar a homeostase psíquica, a reorganização do ser, a reestruturação cognitiva do trauma objetivando a dessensibilização e ressignificação destas dores emocionais.

A importância da ressignificação consiste em observar e sentir o acontecimento traumático de um outro ponto de vista, de uma outra perspectiva através de um trabalho psicoterapêutico.

Há dois tipos de traumas emocionais: aquele pontual, mas devastador. Contudo, tem outro tipo de trauma que, embora de pouca intensidade, vai se sedimentando pouco a pouco e resultando na formação de uma lesão emocional profunda resultante de situações estressogenas sobrepostas e mal elaboradas dia após dia, mesmo sem que haja a percepção deste fato.

Não importando o tipo de trauma, o trabalho psicoterapêutico, através de suas técnicas transforma a areia da concha em pérola, aproveitando uma experiencia de sofrimento devastador em fortalecimento da autoestima, na promoção do autodesenvolvimento e no fortalecimento da resiliência para que nos tornemos mais preparados diante das adversidades da vida.

Trabalhar a dor não é uma tarefa fácil. No entanto, este processo libera dores presentificadas e resistências, exorciza fantasmas, tornando-nos mais conscientes de nossa capacidade de superação e fortaleza.




Psicóloga, escritora, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui