A gente enche a boca pra falar do ano que vem.

Ano que vem a gente junta dinheiro;
Ano que vem a gente entra pra academia;
Ano que vem a gente realiza aquele sonho;
Ano que vem a gente larga de quem faz mal;
Ano que vem a gente diz tudo aquilo entalado na garganta;

Ano que vem a gente muda de cidade. De emprego. De vida. De nós.

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Os desejos, sonhos e vontades sempre adiados para o ano que vem. Porque esse ano foi péssimo.

Esse ano só teve coisa ruim;
Esse ano foi o pior de todo;
Esse ano tem que acabar logo.

Bom mesmo é o ano que vem.

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Mas quando o ano que vem vira esse ano, o mesmo discurso é repetido.

O ano, antes cheio de esperanças, vira só mais um ano ordinário. Só mais um ano de adiamentos, de desapontamentos e de realidades. Porque o ano que vem uma hora chega, e ele te cobra ações inadiáveis.

Um ano não sobrevive apenas de sonhos e promessas. É preciso atitudes.

A gente espera que um milagre aconteça;
A gente espera que a felicidade caia no colo como fogos de artifícios jogados ao céu;
A gente espera que o ano velho leve tudo de ruim, de amargo, de incomodo;
A gente espera que num passe da mágica a vida se transforme. Sem esforço, sem luta, sem dedicação;
A gente espera que o ano mude nossas vidas, quando os únicos responsáveis por essa tarefa somos nós mesmos;

Não é fácil mudar. É preciso sair da zona de conforto. Requer coragem, confronto e força.

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Às vezes é doloroso. Às vezes temos que mexer em gavetas internas delicadas. Às vezes temos que desenterrar incômodos antigos. Às vezes temos que encarar verdades inconvenientes. Às vezes temos que nos olhar nus no espelho da consciência.

É impossível mudar sem antes sangrar um pouco e temos medo dos menores cortes. Fugimos da dor como crianças mimadas e acovardadas.

Queremos mudanças, mas não queremos mudar.

Entra ano e sai ano e continuamos os mesmo;
Entra ano e sai ano e não aprendemos nada;
Entra ano e sai ano e acumulamos vontades nunca realizadas;
Entra ano e sai ano e deixamos para ser feliz depois do dia 31 de Dezembro;
Entra ano e sai ano e a vida desiste um pouquinho de nós.

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A gente pode mudar a vida mas a gente não quer. Porque a gente quer mesmo é deixar pro ano que vem.

(Autor: Marina Barbieri)
(Fonte: deuruim.net)
*Texto publicado com autorização da administração do site




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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