É verdade que a vida às vezes exagera nos tombos que dá, fazendo-nos cair dolorosamente, quebrando nossas expectativas, dilacerando-nos por dentro. Outras vezes, ela retira de nós o nosso bem mais precioso, a razão de nosso viver. No entanto, muitos problemas poderiam se tornar bem menos difíceis, caso nos dispuséssemos a analisá-lo com mais clareza, percebendo sua real dimensão.

Cada pessoa sente as coisas de uma maneira própria, pois cada um de nós possui as próprias experiências, as próprias bagagens, as próprias paragens, por isso ninguém responde da mesma forma que o outro ao que acontece lá fora. Uns sentem mais, outros sentem menos e alguns nem sentem nada. Daí não podermos comparar a dor de uma pessoa com a de outra, pois somos únicos e especiais no jeito de ser que é tão nosso.

Mesmo assim, é preciso tentar manter certo equilíbrio em meio às tempestades, pois elas virão, sempre, com intensidades variadas, mas virão. Caso não estejamos prontos para nos reerguermos a cada supetão, estaremos fadados a nos tornar cada vez mais tristes e enfraquecidos por dentro. Não se trata de fugir à tristeza, mas de passar por ela sem perder a esperança e a firmeza no olhar.

A vida nos obriga a sermos fortes, pois é isso que ela espera de nós e é isso que devemos ser, por nós mesmos e por aqueles que estão ao nosso lado. Existe quem precisa de nossa força, porque sempre seremos o porto-seguro de alguém que nos ama e torce por nós. A não ser que queiramos viver isolados, não poderemos nos furtar de pensar além de nós mesmos durante nossa caminhada.

O importante é não dar às coisas uma importância muito maior do que elas merecem, pois ficar bradando aos quatro ventos lamúrias com agressividade é o que menos ajudará, nos momentos de turbulência. Teremos de explodir, às vezes, mas não o tempo todo, para qualquer um, ou perderemos o crédito, ou esgotaremos nossas energias – e elas têm que durar.

Como se vê, problemas são inevitáveis, são uma certeza, ou seja, cabe-nos passar por eles mantendo uma mínima lucidez que seja, para que não nos percamos em meio a explosões de raiva sem serventia, em meio a quem não tem nada a ver com isso, pois quanto mais drama fizermos, menos capazes estaremos de buscar possíveis soluções ao que nos tenta derrubar. E, a não ser para a morte, tudo há de ter solução.




Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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