O filme Tudo Bem no Natal que Vem, é um primoroso retrato do nosso típico “deixa para depois”. Deixar a atenção, deixar o carinho, deixar de dizer o que está se passando dentro do coração. O cuidado e atenção não poderiam ser adiados assim. É também uma clara reflexão de que toda família tem suas dificuldades, suas encrencas e desavenças. Mas, por outro lado, torna muito óbvio que toda família é um lugar perfeito para se viver o amor.

A vida muda muito em 365 dias e é preciso estar atento para onde estamos caminhando. Há a pressa, há a vontade de melhorar a vida, há a vontade de experimentar algo diferente. E é justamente nessa vontade de viver coisas novas que o que já faz parte do dia a dia fica esquecido.

O “santo” que é de casa já não faz mais seus milagres. Ficam para depois o filme em família, o jantar à mesa, o carinho antes de dormir. Ficam para depois o abraço e a alegria que os pequenos gestos são capazes de despertar.

E pensando bem, em algum momento a rotina vai nos oprimir. Em algum momento vamos descobrir chatices e cansaços. Não estamos imunes a isso. Mas, não se pode perder de vista as alegrias que se pode viver em uma casa. Mesmo que pareça que elas não estão mais no mesmo lugar, nada é mais precioso que ter um lar. Nada é mais valioso do que ter a quem amar. E não há prazer maior que ser amado por alguém.

Nada é mais gostoso nesse mundo que a sensação de ir dormir sob um teto, sobretudo um teto onde se pode viver com amor.

Uma breve reflexão deixa claro que precisamos reaprender a olhar para os detalhes. Aprender a valorizar a vida, os encontros, a mesa posta, os relacionamentos. Os filhos crescem, a saúde pode não permanecer intacta, a vida termina. Sim, um dia a vida termina: eis o maior de todos os sinais de alerta!

É preciso ter a certeza de que o melhor foi feito; que demos o melhor do nosso amor, que vivemos a plenitude do afeto e da doação para os nossos entes mais queridos. É importante garantir que, na partida, não ficará a sensação de que tudo poderia ter sido diferente.

O tempo é finito e passa absurdamente rápido. E é importante entender que não está tudo bem em deixar os relacionamentos em segundo plano. No filme, depois de lições duras e doídas, há uma conclusão clara e verbalizada: “Eu acho que eu não valorizei as coisas como eu deveria.”
E quem haverá de escapar dessa conclusão? Todos nós temos, de alguma forma, adiado o inadiável, deixado alguma coisa para depois e os afetos não resistem a isso por muito tempo.

Sim que a vida é um sopro e nossa existência um dia vai ser apenas uma lembrança no coração daqueles com quem convivemos.

A questão que dever ser considerada é: que tipo de lembrança seremos?

Boas lembranças se constroem todos os dias, nas vivências simples: no tempo dedicado, nos favores feitos com amor, na mão estendida em momentos delicados, na presença em momentos decisivos.

Não podemos perder mais tanto tempo; nem deixar para depois, para amanhã, para a semana, o mês ou o ano que vem, pois pode ser que o amanhã não venha.

O importante é o que temos feito com o nosso hoje. E, muito embora possamos estar vivendo um período turbulento, de incertezas e indecisões, é preciso ter em mente que:

“A vida é boa. Sempre é. E enxergar isso é o maior presente que você pode se dar.”

A vida é feita hoje e não no Natal que vem. Não podemos pular etapas. Precisamos viver tudo, todos os dias!

Nada vale mais que isso e de todos os privilégios desse mundo, amar no tempo certo é o que poderá nos fazer mais felizes. Acredite nisso!

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Administradora por profissão, decidiu administrar a própria casa e o cuidado com suas duas filhas, frutos de um casamento feliz. Observadora do comportamento alheio, usa a escrita como forma de expressar as interpretações que faz do mundo à sua volta. Mantém acessa a esperança nas pessoas e em dias melhores, sempre! É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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