Há quem diga que chorar é para os fracos. Alto lá! Para chorar é preciso ter força e muita coragem! Mas não é qualquer tipo de força, não é a força que conhecemos no senso comum associada à masculinidade. É a força que jaz na fraqueza, a força da humildade.

E para ser humilde é preciso ser forte. Se existe uma característica que é pouco aplaudida nos nossos dias é a humildade. Talvez porque se tenha dela um conceito muito vulgar associado a minoria, fragilidade, inferioridade ou até mesmo um senso de ridículo para alguns. Justamente por serem poucos os que a possuem, ela se torna menosprezada, quando na verdade está mais para raridade e justamente por isso deveria ser exaltada.

A humildade não anula ninguém, não deteriora uma pessoa e nem mesmo tira dela autonomia, muito pelo contrário; ela favorece o autoconhecimento, fortalece o self, permite que o sujeito entenda e aceite suas limitações, além de favorecer o amor próprio. Não somente, ela pode abrir os olhos para o mundo de tal maneira que a pessoa se torna cada vez mais sensível, ou seja, a dor do outro não passa tão despercebida aos olhos, a solidariedade se torna uma necessidade intrínseca e a empatia cresce.

O choro e a humildade deveriam andar lado a lado na vida de uma pessoa, não quer dizer que devemos viver chorando ou sofrendo, mas de que esses dois fatores promovem a sensibilidade e o autoconhecimento. Geralmente quando choramos, assumimos uma postura curvada como que se voltássemos para dentro de nós mesmos, e depois do choro ocasionalmente vem uma sensação de leveza, isso, é altamente saudável.

No entanto, engolir o choro, reprimi-lo, ou seja, impedi-lo de alguma maneira é favorecer uma série de problemas, retardar uma provável cura emocional e favorece um adoecimento psíquico. Portanto, batamos na tecla de que chorar é necessário!

Passar uma vida sem chorar é endurecer o coração de amargura e rancor, é alimentar dores e sobrecarregar a alma desnecessariamente. Obviamente, isso não significa que todos os problemas da vida serão resolvidos depois do choro, mas ele permite que as angústias não se acumulem, que haja vasão e alívio da dor, principalmente a dor aguda.

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Portanto, corajosos são os que choram e os que reconhecem a dor! Chorar é aceitar a dor, é respeitar o sofrimento e dar voz a ele, é reconhecer que é normal chorar e isso precisa vir à tona.

Nem sempre damos conta de tudo, e não está errado não dar conta de tudo. Não somos o SuperMan ou a SuperWoman. Isso não existe! Somos seres humanos com fragilidades que nos atingem dia após dia, que nos pegam desprevenidos e despreparados muitas vezes. Somos comedidos de atrocidades, doenças, perdas, dentre muitas outras questões difíceis de lidar com as quais não temos a obrigação de ter uma solução rápida e fácil. Nesses casos, muitas vezes, o que nos cabe é apenas o choro, e este muito pode por sua eficácia.

Também não são os fracos que vão buscar ajuda profissional para compreender seus problemas, são os corajosos. Até porque, o processo terapêutico exige alguma alteração na forma como se vive. Mas aqueles que buscam essa ferramenta reconhecem sua dor, dão voz e importância a ela e buscam por auxílio a fim de aliviá-la.

Existe tanto preconceito no mundo! E criar preconceito em torno do choro se torna tão banal quanto ofensivo, além de não ter fundamento algum. O choro é saudável e precisa ter seu lugar e ser ouvido, não devendo ser reprimido.

Portanto, se for para alimentar algo, que seja a humildade e a sensibilidade. Mas para isso, é preciso um trabalho interno, uma autoaceitação das próprias fragilidades e assim impulsionar o desenvolvimento da autonomia, o fortalecimento egótico, crescimento e amadurecimento psíquico.




Psicóloga e atua em clínica utilizando a linha psicanalítica. Colunista do site Fãs da Psicanálise.

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