Ciúme é o sentimento de posse em relação a algo ou a alguém. Os dicionários apontam que a palavra tem origem latina (zelumen), também está relacionada ao significado de zelo, dedicação ardente (zelu).

Para muitas pessoas, o ciúme é uma demonstração de amor. Todos nós sentimos ciúme em algumas situações, mesmo que não haja real ameaça de perda do outro. Uma pequena dose, em uma situação específica, pode até estimular a sedução, o que acaba sendo produtivo para a relação. Mas, nesse tipo de ciúme a pessoa não fica com ideia fixa, a insegurança vem e passa.

O problema é quando o ciúme é patológico, pois a pessoa sente ciúme em qualquer situação, mesmo que não haja real motivo. E a situação se estende para os amigos e familiares do outro, pois a pessoa ciumenta pensa que o amor do parceiro deve ser exclusivo.

Na maior parte dos casos, o ciúme excessivo está relacionado à baixa autoestima e à insegurança, sentimentos que desencadeiam uma sensação constante de ameaça de perda do outro.

A pessoa que convive com o ciumento tem a liberdade cerceada, vive tendo que dar satisfação sobre o que fez ou o que falou ao telefone, com quem falou e porque, é uma situação constrangedora. Por outro lado, existem casos em que essa mesma pessoa também tem problemas de autoestima e por isso ela atrai  esse tipo de relação. De modo geral, são pessoas que têm uma dinâmica relacional rodeada de brigas e discussões.

O ciumento compulsivo não percebe que a vigilância constante não tem nada de sedutor, pelo contrário, a convivência com ele se torna insuportável. O controle sobre o outro faz o casal perder a individualidade e com o tempo, ambos passam a não reconhecer mais suas próprias vontades e o resultado, quase sempre é a erosão do relacionamento.

O ciumento patológico trata o parceiro como um bem que lhe pertence, tem um controle obsessivo, que vem disfarçado de amor. A obsessão tem um caráter compulsivo e está relacionada ao assédio.

Assédio é uma pressão psicológica, frequente, praticada contra o outro e configura uma violência moral.

A pessoa não tem limites e cada vez mais tem atitudes invasivas em relação ao outro, exige as senhas das redes sociais do parceiro, alegando que aquele que não deve não teme e o outro acaba dando a senha para evitar discussões. Mas, é uma ilusão, o calvário não vai acabar, pois para o ciumento patológico, nada é suficiente, ele sempre vai achar alguma situação para implicar. Sua obsessão por encontrar uma traição é tão grande que se não houver, ele inventa.

Ele revista gavetas, carteira, controla a roupa que o outro usa, reclama que chegou fora do horário. Quando liga para o parceiro, se este não atende isso já é motivo de ansiedade e desconfiança.

A pessoa que tem essas características se quiser preservar a relação, precisa tomar três atitudes fundamentais: a primeira, reconhecer que tem um problema. A segunda, abrir o coração, conversar com o outro sobre o incômodo que sente.

E finalmente, procurar ajuda psicológica para tratar a raiz do problema. Caso tenha, realmente, havido uma traição por parte do outro, procurar resolver essa situação de uma vez por todas, já que decidiu ficar com ele.

Não é preciso ter ciúmes para demonstrar amor. A solução do problema está em descobrir de onde surgiu esse medo de perder, ter consciência das crenças que ajudaram a desenvolver o comportamento patológico, em muitos casos, foram introduzidas na educação. E fazer isso sozinho é difícil.

A terapia vai trabalhar o autoconhecimento, os sentimentos e o turbilhão de emoções que invade a mente do ciumento obsessivo. Vai aumentar a sua autoestima, a autoconfiança e libertá-lo do sofrimento, além de contribuir para preservar a relação, se a pessoa procurar ajuda enquanto é tempo.

(Autora: Carmen Janssen é psicanalista, sexóloga e conferencista internacional)




Psicanalista, Especialista em Sexualidade Humana. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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