Temos visto por aí uma porção de “homi” perdido nessa história de machismo. Uns que são totalmente contra esse “mimimi” que nós mulheres estamos fazendo, outros que até apóiam a causa, mas sequer entendem o que é esse comportamento machista. Outros são conformistas, compreendem, mas seguem a linha de pensamento de que “sempre foi assim”, “desde os primórdios essa cultura machista está presente e ninguém tem culpa”. (zzzzzzz)

Então vamos lá, não vou entrar no mérito de estudar antropologicamente o machismo, ou de arrumar culpados, ou de dizer que tudo isso é sério sim e não mimimi, mundo chato e blá-blá-blá. Isso todo mundo já disse, tipo um milhão de vezes. Eu venho, por meio deste artigo ensinar a você, senhor perdido, confuso, do contra, ignorante, a ser um homem de verdade em tempos modernos, tempos de lutas, tempos de respeito, tempos em que machistas não passarão.

E vocês mulheres, coleguinhas, que compactuam com os amigos machistas, de forma consciente ou inconsciente, que acham isso tudo um exagero e não enxergam seus relacionamentos abusivos, por favor, leiam esse texto, que vou lhes mostrar como vocês podem e devem ser tratadas. Nós merecemos respeito e nada menos que isso.

Colem na titia aqui, que a titia ensina.

1 – Como se comportar no meio da rua.

Você homem, macho, viril, está caminhando pela rua e por um milagre não está mexendo no celular. De repente, se depara com uma gata sexy de shortinho. O tamanho do short chama a sua atenção, “como é curto”, você pensa, e que bunda enorme ela tem. Isso te excita, então o que fazer?

* Assobiar e gritar gostosa?

* Suspirar, olhar para ela de cima e baixo fazendo cara de cachorrão faminto ao dizer: delícia;

* Passar a mão na bunda dela;

* Apenas mandar um “ êeee lá em casa.”

É claro que nenhuma das respostas anteriores meus amores. Mas é isso que acontece com nós mulheres e a isso denominamos machismo. Ah você não sabia? Ela é uma pessoa, com coração e sentimentos. O fato

de ter uma bunda gostosa e usar short curto não faz dela uma mercadoria, muito menos carne de churrascaria.

Está com fome? Vá atrás do Hot Dog da esquina, deixe a bunda da garota em paz. Segure seu pintinho nas calças e mantenha a língua na boca, sem gemidos por favor, controle seus instintos. Nós temos TPM e isso não nos dá o direito de matar ninguém, apesar de muitas vezes é isso que temos vontade de fazer.

Mas aqui, você se interessou na garota? De verdade? Então paquere como uma pessoa e não um cachorro no cio. Oi, bom dia e tudo bem, não estão proibidos. Te achei linda também não. Mas fale isso olhando nos seus olhos e não em seu decote. Deixe para cair no decote em outra hora, quando e se ela permitir, sacou? Peça seu telefone, se ela der, ponto para você! Se não der, diga que pena e saia fora de cabeça erguida, afinal isso não é nada demais. Não xingue, não a chame de metida, baranga, vadia, não diga que não queria mesmo. Dignidade por favor. Não é porque você é o cara mais gato do mundo que ela é obrigada a corresponder a você. Belê?

2 – Comportamento na Balada

Na balada você deve fazer o mesmo que na rua, converse como gente, paquere, elogie, não force a barra. Ela está lá com as amigas, enchendo a cara, louca para ficar louca e isso não quer dizer que ela está a fim de dar, muito menos para você. O chão chão na balada é empolgação, ela pode até ter exagerado na bebida, mas não tire vantagem. Se ela não tem consciência do que está fazendo não se aproveite. Homenzinho lembra? Ou é consensual, ou não é nada.

E não venha com aquele papo de ela está querendo. Quem é você para saber alguma coisa da vida dela? Pai? Marido? Irmão? Você não sabe o motivo dela estar ali, o que está passando, o que está querendo. E se for comprometida, o problema é ainda mais dela. Se você não é ciumento, ela não tem nada a ver com isso. Ela te deu abertura? Dance. Ela não te deu? Vaze.

Após a balada foram para cama? Que maravilha. Seja cavalheiro. Isso não quer dizer peça ela em namoro. Pelo amor né. Somos donas do nosso próprio corpo, sabemos o que queremos e fazemos quando queremos. Ir embora sem trocar telefones ou fazer juras de amor não é machismo. Machismo é depois chama-la de fácil porque deu na

primeira noite. Por favor, não seja essa pessoa. Cresça! Feio hoje em dia é não fazermos o que temos vontade por medo de julgamentos.

3 – Comportamento no trabalho

Ah o trabalho, essa aqui é uma questão delicada. Quantos tabus. Não sei nem como começar. Mas já que é assim vou logo dando tiro no pé. Assédio. Seja qual for o tipo de trabalho, usando uniforme ou não, os caras, principalmente os chefes tem aquele fetiche. Não seja como eles. Lembre-se sempre da questão do consentimento, mas não confunda as coisas, não é porque ela está te ajudando, ou cheia de risinhos, que ela está “doida por você”. Já se perguntou se ela não está apenas feliz? Então, menos meu caro.

Outro ponto importante, não a interrompa ao falar. Homem tem dessas coisas, cheios de opinião e não levam muito em consideração o que uma mulher tem a dizer, principalmente no trabalho. Isso é machismo descarado. Escute-a, deixe ela te surpreender porque com certeza ela não está ali à toa. E nada de piadinhas sobre TPM ok? Não é porque ela é firme, assertiva, que ela está de TPM, isso é desculpinha dos machistas de plantão que não agüentam uma mulher mais decidida que eles. Os homens que falam grosso são os “caras”, já as mulheres “estão de TPM”, quanta injustiça! Vamos nos poupar desse tipo de machismo. It´s over baby!

Somos mulheres, mas não significa que somos frágeis, muito menos se estamos grávidas ou menstruadas. Respeite nosso corpo e o milagre da maternidade. Dizer que uma mulher está fazendo corpo mole porque está carregando um bebê ou morrendo de cólica devia ser demissão por justa causa. Você não sabe como é e nunca saberá, então se abstenha de comentários, muito menos dê explicações óbvias como se ela fosse um serzinho ausente de capacidade mental. Trate-a de igual para igual intelectualmente. Estamos combinados?

4 – No namoro

Que delícia, vocês estão namorando. E agora, como agir? Com machismo é que não é. Vamos parar com aquele clichê de mandar nas roupas dela, de escolher com quem ela pode ou não sair, chamar as amigas de putas e por aí vai. É aqui que encontramos a explicação mais óbvia para o machismo. É nessa hora que os homens se identificam e gritam: sou homem porra. Sim, você é homem e ela é sua namorada, apenas isso, não sua propriedade. Ela faz o que quiser, com

quem quiser (menos sexo, se o relacionamento de vocês não for aberto). Não está satisfeito? Caia fora, mas não diga que tudo isso é coisa de puta, vagabunda ou outros insultos que a maioria dos machistas tem presos na garganta. Outra situação machista que incomoda muito é o cara sempre discordar da mulher. Também somos seres pensantes concorda? Tem que concordar agora. Porque sempre tentar diminuir as opiniões da mulher? Escute, deixe-a brilhar de vez em quando, ela merece sua atenção, ela merece que você veja o quanto ela é esperta e o quanto pode saber das coisas, até mais do que você. Qual o problema disso? Você é o macho alfa e tem que estar certo em tudo? Errado. Você é o amor dela e tem que se orgulhar da mulher que tem. Elogie não só suas partes, mas também seu cérebro.

E agora, precisamos falar de traição. Mulher a maioria das vezes perdoa, e o homem já vem com aquele papo de eu posso, é minha natureza, sou homem, ela me tentou, aquela vadia. Só estou vendo uma vadia aqui, e essa vadia é você, homem. Mulher também tem tesão, desejos por outros, mulher também fica entediada no relacionamento, também tem dúvidas, mas nem por isso sai por aí abrindo as pernas para o primeiro que lhe oferece flores. E se ela assim fizer, porque você não perdoa? Porque é homem e não consegue? Mas ela tem que conseguir?

Vamos entrar num consenso, nenhum dos dois é obrigado a perdoar traição, não estou incentivando isso. Estou apenas dizendo que se quiser perdoar, não vai deixar de ser homem por isso, desinfle esse ego e siga o coração. Ser machista só te impedirá de recuperar o seu lindo amor. Agora, se não quiser ou não conseguir perdoar, que não seja por razões machistas, simples assim.

5 – Dentro de casa

Tem uma situação machista que é bem clássica. Estão os dois sozinhos em casa, ela faz uma jantinha com carinho. Vocês comem até lamberem os dedos e você a elogia “que moça prendada”. Ela sorri, embora lembre que esse foi um dos poucos elogios que você fez a ela nos últimos dias, tirando aquele de como ela estava gostosa no vestido vermelho da formatura. “Homens”, ela pensa. Então você termina de comer, larga o prato em cima da mesinha de centro da sala e vai para o quarto descansar um pouquinho. Pare! Quem você acha que vai tirar

o prato de cima da mesa? Ele vai criar asas e voar até a pia, tomando seu banho noturno de cada dia?

Não meu bem, sua mulher já fez a janta e você nem sequer ofereceu ajuda para lavar a louça? Que tipo de homem você é? Machista! Ou no mínimo preguiçoso. Ah, mas você não gosta de lavar a louça, então deixa que ela lave, correto? Erradíssimo. Por um acaso já perguntou se ela gosta? Não, ela não gosta, e mesmo se gostasse, ela merece o mínimo de descanso e consideração. Trabalhou como você, pagou as contas como você, então nada mais justo que você cozinhar como ela, limpar como ela. Tirando o corpo fora você está sendo o machista dos machistas, entendeu agora? Você está lá como companheiro, não só para matar baratas. Mulher também mata barata (não eu), e homem também lava a louça. Dividam as atividades, conversem, se importe com os sentimentos dela, com o cansaço dela, e não a chame de prendada, chame-a de mulher maravilha, mas prendada não. POR FAVOR.

Ufa! Aprendeu um pouco sobre o que é machismo e como deixar de sê-lo? As mulheres lutam sim por direitos iguais, mas nós nunca seremos realmente iguais e isso é lindo. O instinto materno existente em nós e a capacidade de engravidar (acontecendo ou não) nos torna diferentes para sempre, isso é fato. Mas é uma diferença saudável que não queremos perder. Não podemos usar isso para diminuir a mulher, nem a força física do homem para enaltecê-lo ou algo assim. A paquera, o romance, os desafios, tudo isso ainda existe e deve existir, mas devemos saber a diferença e os limites. Quando pararmos de achar que essa história é mimimi, tudo se tornará mais claro e veremos também que o amor ainda está aqui. Não devemos medir forças, competir, temos que nos unir, com respeito e solidariedade. Não sejam machistas homens, sejam homens de verdade e de coração.




Publicitária por formação, aeromoça por opção e escritora por paixão. Virginiana, perfeccionista, mãe do Henri. Entre fraldas e mamadeiras, entre pousos e decolagens, entre artes e artimanhas, ela escreve. Escreve porque para ela, escrever é como respirar: indispensável à vida! É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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