Cá entre nós: tem coisa mais insuportável do que conviver com uma pessoa que está sempre de mau humor?

Para ela, nada está bom: o filme é uma droga, a comida não tem graça nenhuma, o trabalho é um inferno, a festa está um saco, o barulho lá fora irrita, a chuva está molhada, enfim… coisíssima alguma parece ser capaz de agradar a uma criatura dessas.

Haja paciência, não?

O pior é que, além de irritar quem está em volta, essa pessoa nunca costuma achar que a culpa pode ser dela. E aí, desconta nos outros. Isso afasta as pessoas e, com certeza, é um passaporte para a solidão. Mas afinal, por que é que tem gente que vive constantemente com a cara fechada, de mal com o mundo?

Uma das causas pode ser a distimia, que é um estado crônico, porém leve, de depressão.

Quem sofre dessa doença costuma ter baixa autoestima, humor irritável e um senso constante de falta de esperança. Por isso, não consegue viver bem socialmente e reclama de tudo sem pensar. Outra razão pode ser a facilidade com que essas pessoas se esquecem de si mesmas, vivendo em função de obrigações e preocupações, sem ter momentos reservados para elas próprias.

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Assim, não há felicidade que aguente. Uma hora, depois de tanto adiar o próprio prazer, é claro que vão descontar suas frustrações em cima do mundo.

Mas não é só isso. Existem também aquelas fases em que nada na nossa vida vai bem: desemprego, falta de dinheiro, problemas familiares ou de saúde, maré de azar nos relacionamentos afetivos… quem disse que isso também não afeta o nosso bom humor?

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“Se tem uma coisa que eu não aguento é gente reclamando sem parar da vida. Cada hora é uma coisa que não está bem. Tudo bem que tem gente que passa por poucas e boas e tem necessidade de conversar e dividir os problemas com alguém. Mas tornar o mau humor uma rotina é demais”, critica a empresária Fabiana Ferreira.

Isolamento

Bem, não importa a causa do mau humor, não há como negar que alguém que está sempre de mal com a vida acaba mesmo é afastando os amigos.

Em geral, pessoas assim não aceitam opinião alheia, desmerecem tudo o que os outros fazem, não conseguem trabalhar em grupo, torcem pelo insucesso dos colegas e, sempre que têm uma oportunidade, fazem críticas negativas.

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Com isso, tornam-se tão desagradáveis que, muitas vezes, acabam perdendo seus empregos ou são deslocadas para outros setores onde possam ficar isoladas. “Tive uma colega de trabalho que tinha uma tremenda má vontade de fazer as coisas. Jogava as pastas com força sobre a mesa, criticava tudo o que acontecia lá dentro, reclamava o tempo todo e ainda era grosseira ao telefone. Nem preciso dizer que ela não durou muito tempo lá dentro”, relembra a assistente administrativa Débora Viana.

Se entre amigos ou no ambiente de trabalho há quem simplesmente não aguente ficar perto de um ranzinza de plantão, imagine o que é morar com um.

“É insuportável. Dividi um apartamento com um namorado durante seis meses e tive uma surpresa. Ele nunca estava satisfeito com nada. O colchão era duro, o piso era áspero, a claridade que batia na janela do quarto era forte demais, o aparelho de som não tocava a música direito… É tanta queixa que uma hora a gente começa até a achar que tem culpa”, desabafa a estudante Mariana Antunes, que manteve o namorado, mas foi morar longe dele.

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Pois é. Segundo a psicóloga e psicanalista Mônica Freitas, da Aliança de Psicologia Hospitalar, no Rio de Janeiro, jogar nos outros a culpa pelos “males do mundo” parece ser um hábito dos reclamões. “Eles não se percebem ‘doentes’ e, por seus projetos pessoais não terem dado certo, julgam que tudo o que não vai bem em sua vida é culpa das outras pessoas, da sociedade, do mundo e até de Deus. Não conseguem perceber que o seu desequilíbrio emocional se reflete na sua vida como um todo”, afirma ela.

Riscos

Se você é membro da tribo dos “cara-fechada”, um aviso: além de espantar quem está em volta, o mau humor também é prejudicial à saúde.

Energia negativa atrai mais energia negativa, por isso as pessoas que não veem nada de bom na vida têm muito mais chances de ficar doente.

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“É preciso entender que um mau humor persistente precisa ser avaliado, para saber se pode ser uma distimia ou uma depressão grave que leva a pessoa, por estar imunodeprimida, a adoecer”, alerta a Dra. Mônica.

Cortando o barato

É, mas o que fazer para dar um basta em tanto azedume? Mariana Antunes acha que, se existe uma tática que funciona perfeitamente, testada e aprovada com o namorado reclamão, é simplesmente não dar a mínima bola. “Antes eu me irritava a ponto de perder tempo discutindo. Só que eu cansei de me estressar à toa. Agora, saio de perto e deixo ele falando sozinho. Sem ter com quem dividir o descontentamento, a pessoa vê que não tem tanta graça”, afirma ela.

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Débora e Fabiana concordam. “Se você dá importância, a pessoa se sente livre para reclamar sempre que tiver vontade”, opina Débora.

A Dra. Mônica Freitas acha que evitar se envolver com as reclamações é uma ideia válida, mas também aconselha um pouco de diálogo. “É preciso alertar a pessoa de forma concreta, através dos seus próprios atos, que ela vem reclamando muito de tudo. O melhor caminho é mostrar, sempre de forma clara, que o que ela fala não tem tanto valor assim”, observa a psicanalista.

Xô, baixo-astral!

Para quem não anda vendo a vida tão cor-de-rosa assim, pode ser uma boa hora para realizar uma autoavaliação.

Como está a sua vida? O que anda acontecendo e o que não anda acontecendo que está trazendo tanta irritação? O que você pode fazer para melhorar? Quais as alternativas?

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“Se você não conseguir identificar o problema ou não encontrar as respostas, é melhor buscar a ajuda de um psicólogo.

O mau humor traz péssimas consequências, e é preciso evitá-las o quanto antes”, recomenda a Dra. Mônica.

(Fonte: bolsademulher.com )




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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