Incontestavelmente, ninguém gosta de passar por crises financeiras. Eu mesma já passei por algumas, momentos penosos onde aquele ditado que diz “quando a dificuldade entra pela porta, o amor sai pela janela” muitas vezes foi atestado. Mas com o passar dos anos, o olhar se modifica e começamos a aceitar o que aquela situação tem a ensinar sobre nós mesmos, nossos gastos, a ansiedade em ter mais e os motivos que nos levam a isto. E sinceramente, não tenho me arrependido de buscar esta reflexões.

Adversidades e percalços são momentos especiais onde temos a oportunidade de repensar quais os valores estão norteando nossa vida.

Uma oportunidade para rever e reconsiderar necessidades. Ter uma existência confortável é direito de todos e não estou aqui pregando que se renuncie estes prazeres, que são super especiais e que obviamente merecemos. O que estou propondo é uma reflexão sobre o que usufruímos e se o fizemos para nós mesmos ou para os outros. E como o apego exagerado pode tornar-se um flagelo de ansiedade e medo da perda.

Vivemos em uma cultura de excesso. Todos os dias recebemos milhares de estímulos externos querendo nos convencer que somente seremos felizes quando tivermos o carro último modelo, a casa dos sonhos, as roupas da moda. O marketing se aprofunda nos estudos da neurociência e muitas vezes descamba para o caminho do convencimento para que se compre bem mais do que realmente se precisa.
Excesso está profundamente ligado a desequilíbrio, coisa que nunca soa muito bem.

Questionar aquilo que é mais importante de tempos em tempos é super necessário para internalizar e compreender melhor o que estamos recebendo da vida. Quem tem seus valores centrados apenas em coisas e conforto material pode até se sentir bem por algum tempo, mas ao longo do caminho vai perceber que a felicidade profunda está ligada mesmo ao cultivo de conexões e relacionamentos saudáveis e em colocar em prática as habilidades e competências interessantes que possuímos. E isso passa por buscar entender seu potencial e valorizar suas qualidades todos os dias. Mais uma vez chegamos na importância de olhar para si.

Não perca tempo com lamentos. Se a dificuldade financeira bateu a sua porta, verifique o que ela tem a dizer sobre você e o que precisa aprender com isso. Talvez ela queira lhe trazer uma mensagem que na fartura excessiva você não se permitiria perceber.




Semadar Marques, palestrante, educadora e analista em inteligência emocional. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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