Saí da casa dos meus pais bem nova para me casar, Depois me descasei, juntei meu filho com algumas roupas e fui refazer a vida. Comi o pão que o diabo amassou, enfrentei cada barra e sobrevivi. Aprendi tanta coisa que poderia escrever um livro, quem sabe, um dia, eu me atrevo.

Viver de realidade não é fácil, cair e levantar dói muito. Acreditar em novas possibilidades é quase impossível, quando os dias são apagados e o íntimo está com medo.

Hoje, posso dizer que pertenço a mim e não me submeto a qualquer imposição. Eu criei os meus jeitos para viver feliz e com dignidade. Levei anos para aprender que uma vida livre também é feita de regras. Ninguém vive livre por completo, nu ou a Deus dará, criamos nosso mundo paralelo dentro do mundo que foi moldado há anos.

Tenho alguns amigos que ainda vivem com a família ou de favor, sinceramente, não vejo problema algum. Às vezes, eu gostaria de ter meus pais comigo o tempo todo, mas o tempo passou e me mostrou que precisava seguir e viver por mim mesma.

Você pode pertencer a si mesmo, morar sozinho, ser independente ou não, isto depende de como molda a sua vida, porque o mais importante é levar uma vida digna e sem a opinião alheia cutucando sua moral. Se todo mundo cuidasse do próprio umbigo, a vida ia ser silenciosa demais, não é mesmo?

Não é pagando as contas e tendo um canto todo seu, que você é livre por completo. O que te faz viver independente, dona do próprio nariz, é quando você decide ser feliz de alguma maneira e preestabelece seus próprios limites.

De que adianta ser independente, se sua postura transparece imaturidade e seus dias parecem mais parque de diversão? Pertencer a si próprio, é ter responsabilidade, demonstrar seriedade e respeito. Ninguém vive uma vida louca ou abusada demais quando se é livre, porque liberdade também é sinônimo de responsabilidade.

Não precisamos da autorização de ninguém para sermos ponderados, fora do limite (mas cabível), comprar mais um vestido, ir dormir com alguém especial, gastar dinheiro com viagens e maquiagens, precisamos apenas amar o nosso estilo de viver.

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Não é necessário prestar contas das alegrias, das decepções, dos medos, da falta de compostura e dos recomeços, mas é importante que se sinta feliz e, mesmo que você tenha errado, é um detalhe seu. Ninguém deve apontar o outro ou jogar um balde de água fria, porque não existem pessoas perfeitas com etiqueta de exclusivo.

Seria muito sem graça se fôssemos como mercadorias, se viéssemos com bula ou que fôssemos iguais. Ainda bem que cada um carrega um gene e uma digital diferentes, então não precisamos ser pessoas padrão.

Não precisamos da autorização e nem de carta de alforria para ter atitudes que façam com que os sonhos se tornem realidades, que os projetos se desempenhem e que possamos gastar aquele último centavo num frasco de perfume importado, porque quem muita escuta o outro, acaba vivendo de tabela.

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Comecei a pertencer a mim mesma, quando deixei de lado tudo que me limitava e reconstruí minha vida colocando os valores, a ética, os pontos de vistas e os conceitos como prioridades.

Às vezes, é preciso zerar para melhorar ou consertar. Assim, eu fiz. Ser independente não significa ter um canto, pagar as contas ou fazer o que bem quer… ser independente é quando suas conquistas te faz feliz e seu estilo de viver sozinho ou morando com alguém ou familiares te traz paz.




Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

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