Uma frase tão profunda e tão verdadeira de se dizer. Lembrei dela enquanto pensava em pedir perdão. Lembrei que, certa vez, um amigo muito querido, sem motivo algum aparente, nada que eu tenha conhecimento na verdade, me pediu perdão. Assim, sem mais e sem menos. Nunca me esqueci do ato dele e, claro, cheguei a questionar diversas vezes do porquê ele estava pedindo perdão sendo que nada havia feito contra mim. E ele simplesmente disse: “eu senti vontade de pedir. Pode ser que não seja algo que nesta vida saibamos, mas senti uma imensa vontade de te pedir perdão.” E eu aceitei.

Deveria pedir perdão a ele também? Não sei. Acho mesmo que, naquele momento, eu não tinha essa paz toda, sabedoria toda, pra fazer o mesmo, porque, na minha cabeça, eu não havia feito nada contra ele. E por que eu faria?

Pedir perdão a alguém, mesmo que sem um motivo aparente, é algo muito complicado. Não é fácil você abrir o seu mundo e admitir que fez algo de ruim para o outro, algo que precisava ser perdoado. Muitos de nós, em nossa névoa escura de ver, não aceitamos que magoamos os outros, que ferimos os outros, que fazemos outras pessoas chorarem.

Achamos que cada palavra por nós dita, em qualquer momento e lugar, será sempre aceita, será sempre relevada quando não agrada. Achamos que nunca ninguém ficará magoado com algo que dissemos ou fizemos e, muitas vezes,(muitas mesmo) nem nos importamos com o fato disso ter acontecido. Comentamos para as pessoas e pra nós mesmos que o outro é “afetadinho” demais, melindroso demais e que, o que você disse não era nada assim, tão horroroso! Não era nada demais pra você, para o outro, era puro veneno.

Então, outro dia, quando consegui, por fim acertar contas antigas, depois de perder a possibilidade de viver um novo amor, eu me vi pensando em pedir perdão e acertar todas as minhas contas com um passado que ainda me abraçava. Quando é que o passado nos abraça? Quando ainda lembramos dele. Enquanto lembrarmos dele, quer dizer que ainda está caminhando juntinho da gente e, trilhar novos caminhos com o passado do lado não é lá uma boa opção, né?

Eu pedi perdão. Só disse, do mesmo jeito, “te peço perdão se te magoei…”
Ainda não sei se fui de fato perdoada, mas, eu fiz a minha parte, eu pedi perdão.

Algumas vezes, precisamos aceitar que nossos monstros internos fazem coisas da qual mal acreditamos. Precisamos aceitar que somos falhos, que erramos e magoamos muitas pessoas. Aceitar é o princípio de um processo que nos guiará para a iluminação, para a paz interior, aquela mesma paz que busco diariamente e que sei que você busca também.

Comecemos sufocando nosso ego e admitindo que precisamos aprender a dizer; “me desculpe”, “Perdão!” ou “sinto muito”. Qualquer uma delas já fará uma diferença enorme na sua evolução e perceberá que um peso sobre as costas se dissipará, assim, do nada. E, se por acaso o outro não te perdoar, não se aborreça. Você fez, lindamente, a sua parte.

Te peço perdão se te magoei…




Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor do amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.

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