Amigo que é amigo é para essas coisas, foi o que eu disse enquanto ele me carregava para o hospital depois de eu ter machucado a perna no futebol. Naquele dia eu percebi que amigo era para essas coisas mesmo, para te carregar quando você não conseguisse andar. Amigo é como um anjo da guarda.

Amigo que é amigo é para essas coisas, foi o que eu pensei quando desabei chorando no ombro amigo, quando a escuridão era mais forte do que qualquer luz e os holofotes se apagaram por um minuto. O minuto mais longo da minha vida, daqueles que parecem um século. Amigo é para essas coisas, para desabafar quando a dor já não cabe na solidão do próprio ser.

Amigo que é amigo é conselheiro, é o que eu sempre digo quando as palavras saem da sua boca. Quando, por um momento de inspiração, fala as palavras certas feito Gandhi, feito a nossa consciência que insistimos em não ouvir. Peça um conselho a um amigo e ele dirá o que você precisa ouvir, peça o mesmo conselho mais uma vez e ele dirá o que você quer ouvir. Amigo que é amigo é ter um guia espiritual confortável.

Amigo que é amigo é cúmplice, é entrar na brincadeira e ser parte das melhores histórias que serão contadas aos netos na velhice. É levar a culpa alheia, seja por quebrar um copo no bar ou por falar alguma besteira. “Não fui eu, foi meu amigo” é a frase mais clichê do mundo e ainda há quem acredite nela.

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Amigo que é amigo não liga para a distância, mesmo que sinta falta. Amizade é amar com liberdade, é querer o bem do outro mesmo sem que ele esteja presente na sua vida. É vibrar com as suas conquistas, mesmo que não haja benefícios para ele. É o amor que nunca morre, que se conserva feito vinho e que, com o tempo, o gosto fica ainda melhor.

Amigo que é amigo retribui, foi o que eu disse quando dei carona no dia em que o seu carro estragou. É fazer o bem pelo outro sem esperar algo em troca, é sentir uma dívida eterna, apenas por ter conquistado a nossa amizade. Amigo que é amigo aprende a doar-se e recebe em troca uma pedra de ouro, chamada reciprocidade.

A amizade é estar sempre com os braços abertos mesmo quando o outro não merecer. É o pedido de desculpa pronto, é o arrependimento antecipado. É gostar do outro sem interesse, sem posse, apenas por gostar, por estar presente. É aquela ligação pedindo compreensão sem julgamento, é estar pronto para o que der e vier.

Se todo amor fosse amizade, não teria fim. Se todo amor fosse amigo, o amor seria um detalhe, o que nutre o amor sempre foi à amizade. Se todo amor fosse cumplicidade, não haveria obstáculos intransponíveis. Se todo amor fosse anjo da guarda, o querer sempre seria inevitável.

Feliz de quem tem amizade, seja amigo, amor ou irmandade. Teoricamente, dos sentimentos mais puros, o anterior, mas a amizade ainda tem muito que ensinar ao amor.

(Autor: Francisco Galarreta)

(Fonte: antesdasobremesa)

*Texto publicado com autorização do site parceiro.




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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