As três Graças ou Cáritas, são deusas da mitologia grega correspondentes ao encantamento, a beleza, a natureza, a criatividade humana e a fertilidade da dança.

São filhas de Zeus e Hera conforme algumas versões ou filhas de Zeus e Eurinome, uma ninfa do mar, segundo outras.

Por causa de sua beleza essas deusas eram associadas à Afrodite e também com as musas devido à condição de deusas da dança.

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Símbolo da fertilidade e da vegetação na Grécia Antiga elas eram, apesar das variações regionais, em número de três, cujos nomes mais freqüentes são: Aglaia/Abigail (o esplendor), Euphrosyna (a alegria) e Thalia (o contentamento).

Embora pouco relevantes na mitologia greco-romana, o tema das Graças, era recorrente na pintura renascentista e originou quadros célebres como A primavera, de Botticelli (1445 – 1510), e As três Graças, de Rubens (1577 – 1640).

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As três Graças (detalhe de A Primavera de Botticelli).

Um dado curioso é que em Florença do século XV, os filósofos humanistas as viam como as três fases do amor: beleza, despertar do desejo e alcance da satisfação. Mas, curiosamente, também as viam como símbolo da castidade.

As Graças presidiam os banquetes, as danças, os encontros sociais e as ocasiões festivas. Portanto, isso faz delas o arquétipo associado a tudo o que nos traz prazer, contentamento e emoções positivas.

Em algumas versões do mito das Graças, associa-se Aglaia como esposa de Hefesto. De acordo com a mitologia Hefesto era um exímio artesão conferindo então as Graças, assim como as Musas o poder de conferir aos artistas a habilidade para criar o belo.

Isso as torna símbolo do que há de belo e harmônico no ser humano.Símbolo das criações mais elevadas da humanidade.

O fato de elas serem representadas em número de três, demonstra mais uma vez que era comum nas tradições mitológicas de vários povos a representação do feminino com uma tríade.

A Deusa Tríplice, em geral, está associada aos ciclos da vida humana, como por exemplo, o ciclo nascimento/vida/morte.

Exemplos dessa representação tríplice feminina na Grécia antiga são as Erínias e as Moiras. As Erínias como encarnação da vingança e da punição dos crimes, e as Moiras como representantes do destino humano e divino.

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Sendo associadas à deusa do amor Afrodite, as três Graças podem ser consideradas um arquétipo da capacidade de dar e receber. As tornando símbolo da caridade.

Esse arquétipo, portanto, nos ensina que as virtudes do amor, da caridade e da produção da beleza mais elevada devem ser buscadas dentro de nós por meio do esforço individual. Superando nossa sede de vingança, representada pelas Erínias, para que o tecido da vida nos permita desfrutar a felicidade e o deleite proporcionados pelas Graças.




Hellen Reis Mourão é analista Junguiana e especialista em Mitologia e Contos de Fadas. Atua como psicoterapeuta, professora e palestrante de Psicologia Analítica em SP e RJ. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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