Na novela “Caminho das Índias”, o esporte predileto da personagem Laksmi, vivida pela atriz Laura Cardoso, é infernizar a vida da nora Indira (Eliane Giardini). Da maneira de cozinhar bolinhos até a educação dos netos, Laksmi faz questão de meter o bedelho, principalmente, quando não é chamada. As cenas do folhetim se somam aos inúmeros filmes, músicas e piadas que têm como tema as sogras.

Ana Bahia Bock, professora de psicologia social e da educação da PUC de São Paulo, explica que essa imagem da sogra é uma construção cultural. “Tem a ver com o que a psicanálise diz sobre a relação entre a mãe e o filho, o famoso complexo de Édipo. A sociedade reconheceu essa dinâmica e reforçou a ideia de que as mães têm possessão pelos filhos e não querem perdê-los”, afirma.

De acordo com a professora, o problema é que as novelas, as músicas e as piadas ajudam a dar mais força à teoria. “Na nossa cultura, a crítica se dá de forma alegre, pelo deboche. Por causa desse peso cultural, sempre que acontece algo com a sogra, as pessoas dizem: ‘falei que ela era difícil’.”

No consultório do psicanalista Elcio Mascarenhas, o problema com as sogras é recorrente. Na maioria dos casos, a eterna rixa entre a mãe e os pretendentes dos filhos está relacionada a dois pressupostos: o de que a pessoa vai retirar o filho da mãe e o de que essa pessoa nunca será boa o suficiente.

“O é idealizado e muito narcisista. Para a mãe, o filho é um pequeno príncipe que merece sempre o melhor e, de preferência, sem sofrimento. Se alguém entra nessa relação e se transforma no objeto de amor do filho, a mãe começa a questionar a qualidade da pessoa”, diz Elcio.

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Recorrendo a uma teoria de cerca de cem anos, o psicanalista explica que os conflitos tendem a diminuir nos segundos relacionamentos. “Freud dizia que, no primeiro casamento, o homem escolhe uma mulher muito parecida com a mãe. E, como diz a expressão popular, ‘dois bicudos não se bicam’. Mas esse conceito, apesar de real, é antigo. O modelo familiar atual é diferente do formato do século 20.”

A psicóloga Regina Nanô concorda. “Hoje, o homem e a mulher trabalham e, normalmente, precisam recorrer à ajuda das sogras para cuidar dos filhos.”

Para ela, a presença maior da sogra na família, mesmo conflituosa, pode ser positiva. “Depois que os filhos se casam, algumas mães sofrem de síndrome do ninho vazio. Isso normalmente acontece quando elas não se ocupam com um trabalho ou com uma outra atividade.

Surge um sentimento de ciúme e de perda, e elas ficam carentes de atenção. No momento em que elas ocupam uma função na família, mesmo com alguns problemas, a relação familiar fica mais madura”, diz Regina, que acredita que, mesmo com interferências na educação das crianças, deixar os netos com a avó ainda é melhor do que confiar os cuidados a estranhos, como a uma babá.

Entretanto, a psicóloga pondera sobre o tamanho da influência da sogra. Segundo Regina, ela deve participar da família, mas respeitando a individualidade do casal. “A sogra acaba tentando demarcar um território. Mas, às vezes, ela acha que o espaço não é suficiente. Ela tem de sentir que as decisões competem ao casal.”

Briga de mulheres

Dramas entre noras e sogras estão presentes na vida real e também na ficção. No filme “A Sogra”, lançado no cinema em 2005, a atriz Jane Fonda interpreta Viola Fields, uma jornalista demitida do cargo de âncora de um telejornal e que teme perder também o filho. Para isso, apronta todas para separá-lo de Charlotte Cantilini, vivida pela cantora Jennifer Lopez.

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Segundo a professora Ana, apesar de existirem intrigas entre genros e sogras, as tensões são mais complicadas com as noras. “O espaço familiar e o cuidado dos filhos estão sob a responsabilidade das mulheres. Sendo assim, sogras e noras disputam esse território.”

Dez passos para uma boa convivência com a sogra

1.Dê atenção a ela. Recebê-la bem, acolhê-la com respeito e ser generosa harmoniza e cria um vínculo de confiança entre vocês

2.Caso ela fique doente, participe e acompanhe. Afinal, a família é uma célula maior do que queremos acreditar

3.Não a confronte e aceite que ela é diferente de você. Concorde com ela, mas faça somente o que considerar melhor. Você tem o direito de organizar a vida de acordo com seus próprios princípios

4.Não coloque o seu marido entre vocês duas. Isso pode minar a cumplicidade do casal. Discuta com o seu companheiro como lidar com as investidas impróprias da sogra

5.Não divida os problemas do casal com a ela. Repreendê-lo diante da mãe também pode gerar conflitos desnecessários. Apenas peça ajuda a ela quando sentir que isso é realmente importante

6.Favoreça a relação do seu marido com a mãe dele. Muitas vezes, o filho não dá atenção a ela quando sai de casa

7.Convide sua sogra para reuniões familiares. Os almoços e jantares com toda a família não precisam ser sempre na casa dela

8.Cuide bem do homem que você ama e dos seus filhos. Sua sogra vai lhe agradecer

9.Não impeça um convívio da sogra com os netos. Se ela tiver o carinho deles, vai admirar você ainda mais

10.Se vocês estiverem namorando, seja discreta. Sua sogra não gosta de participar da intimidade do casal

(Fonte: noticias.bol.uol.com.br )

*Adaptação livre de Fãs da Psicanálise




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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