Eles são lindos, altos, sarados e cheios de charmes e, mesmo assim, talvez não sejam capazes de tocar um coração. Ainda que a plástica elimine seus defeitos físicos, o botóx os rejuvenesça e a academia lhes dê um corpo escultural, lipoaspirar egoísmo e antipatia será quase impossível.

Algumas pessoas podem morar em uma mansão cinematográfica, ter alguns carros importados na garagem e comprar das grifes mais famosas e não saber absolutamente nada sobre generosidade e altruísmo.

Ainda que seja possível pegar um jatinho ou um helicóptero e voar até outro estado para jantar em um restaurante caríssimo, servidos do melhor champanhe do mundo, jamais será possível afirmar que não há pobreza de espírito.

Podem ser o chefe do setor, o gerente da loja ou o dono da empresa. Quiçá um juiz, um policial, o presidente de um país. Podem nascer em uma família tradicional ou fazer parte do seleto grupo dos mais ricos. E isso também não definirá quem eles são de verdade se não tiverem uma alma boa.

A aparência, os bens, o status não definem absolutamente nada daquilo que representam enquanto seres humanos, pois eles não são um carro importado ou uma mansão milionária, um sorriso perfeito ou um bíceps bem torneado. São aquilo que causam nas pessoas.

Por outro lado, também não adianta nada ter o coração cheio de amor e compreensão sem saber demonstrá-los. É possível olhar para uma pessoa e sentir o maior amor da vida, mas se esse amor não chega até ela, não tem serventia alguma no mundo. Podem sensibilizar-se com a situação de alguém e sentir uma enorme vontade de ajudar, mas se não dão o primeiro passo, tal empatia inexiste para a realidade.

Há muita gente que passa a vida toda sem dizer “Eu te amo” para os pais, para os filhos, para o cônjuge ou amigos. Que por orgulho ou timidez se nega a demostrar sentimentos, a ser afetivo com o outro. Mas amor trancado não existe para o ser amado. Por isso é exatamente igual a não amar. É como construir um castelo de baixo d’água. Ele está lá, lindo e gigante, mas, inabitável, não serve para nada.

Precisamos perder o medo de ser quem somos. Superar a vergonha de amar. Encerrar essa disputa enfadonha de quem é mais importante. Nos permitir gostar é um dos maiores bem que fazemos a nós mesmos. É mais do que libertar o coração, é dar asas e deixá-lo voar ao mundo dos sentimentos.

Nem sempre ele será bem correspondido, mas muito melhor tentar e não conseguir do que viver enjaulado em um coração amedrontado, porque amar e não conseguir demonstrar é como achar um baú cheio dos tesouros mais valiosos e passar a vida sem conseguir abri-lo.

Um coração livre tem muito mais possibilidades de felicidade. Isso significa viver no mundo dos mais sublimes sentimentos. É uma capacidade divina. E diante de tanta violência, egoísmo e desafeto, amar é uma reconfortante recompensa da vida.

É são essas atitudes que definem você. O que sente e o que é para os outros. Não adianta ter riqueza material ou amor no coração se sua atitude é de arrogância. Não adiante ter status e muita generosidade na alma se você não ajuda ninguém para não se sentir usado, ou porque tem medo de ser considerado um fraco, bobo.

O mundo está repleto de boas intenções, mas a melhor delas é, e sempre será, a atitude. Por isso, deixe a imagem física em segundo plano, pois, bonito mesmo, é quem não tem medo de amar.

(imagem: Eternal Happiness)




"Luciano Cazz é publicitário, ator, roteirista e autor do livro A TEMPESTADE DEPOIS DO ARCO-ÍRIS." Quer adquirir o livro? Clique no link que está aí em cima! E boa leitura!

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