Filhos pequenos são tão valiosos que mais parecem tesourinhos. Pedrinhas preciosas, presença amorosa, alegria imaculada, inocência toda prosa.

Filhos pequenos são estrelinhas. O amor é um céu imenso, desprovido de nuvens, infinito. Que nos leva a passar horas entretidos, com desejos de ficar e olhar só mais um pouquinho.

São rios profundos. Profundíssimos sentimentos quando vêm, correndo ligeiros a nos encontrar. O encanto se despejando pelo canto dos olhos, numa exuberante cascata de emoções. Misterioso contraste entre o tamanho da criatura e o sentimento que ela é capaz de despertar.

São chuvas abundantes. Bênçãos que tornam fecundo um coração. Fazem brotar a esperança e a fé em dias melhores, ainda que às vezes pareça estéreo este nosso chão.

São sementes. À vida, que deu permissão para que germinassem, a nossa alegria e eterna gratidão.

Mas eles são frutos também. A nós, que somos suas raízes, cabe o dever de fazer com que sejam bem formados por dentro. Nutri-los de personalidade, a fim de que a aparência não seja deles o maior encanto.

Filhos pequenos são cântaros de ternura, que transbordam quando eles sobem por sobre nossos ombros, ou caminham à nossa sombra, despertando nosso carinho e solicitando compreensão.

São as criaturinhas mais frágeis, por vezes as mais teimosas, as mais emburradas e sempre, sempre as mais amáveis.

São nuvenzinhas delicadas, a pele macia feito algodão, e o sorriso… é todo tecido em fibras delicadíssimas de afeição.

Pentear-lhes os cabelos, envolver as mãozinhas miúdas e lançar-se na incerta tentativa de evitar que seus joelhos sejam feridos. Com o desejo de que no futuro o coração também seja preservado. Que nenhum mal se suceda, nem agora nem depois de amanhã.

Contar-lhes uma história e sonhar que o final feliz seja real, agora e no que tempo que virá. Desfrutar desse conto de fadas que é zelar por esses pequeninos. E fazer o máximo, para que os laços sejam resguardados até que não se possa mais desfazê-los.

Filhos pequenos são mares. Afabilidade até onde a vista alcança, num vai-e-vem incansável de sensações.

E são milagres também, o mais puro dom. São promessas de orgulho eterno: Entre pais e filhos, de filhos para pais. São eles os nossos melhores motivos.

Filhos pequenos são de ouro. Tesourinhos que vão crescer com o tempo. Já o amor, não se sabe. Não é certo de que ele ainda disponha de tanto espaço assim.

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Administradora por profissão, decidiu administrar a própria casa e o cuidado com suas duas filhas, frutos de um casamento feliz. Observadora do comportamento alheio, usa a escrita como forma de expressar as interpretações que faz do mundo à sua volta. Mantém acessa a esperança nas pessoas e em dias melhores, sempre! É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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