Tem gente que acredita que o vermelho é a única cor que presta. Então, ganha um lindo carro azul e tem que abrir mão para manter a funcionalidade de sua ideologia, mesmo que a função de um carro passe de longe por sua cor.

Por isso, as ideologias são um aspecto negativo da sociedade, principalmente naquelas pessoas ferrenhas que acreditam que suas concepções são a verdade do mundo.

É um ideal de um grupo, uma crença, mas um degrau fora da realidade, por isso tem o nome de ideologia, caso não fosse uma ideia, seria chamada de verdade, realidade ou fato.

No conjunto de valores que forma as ideologias, há uma variação conforme cada grupo. Então, uma ideologia não é um conceito fixo, imutável, enraizado na verdade. Pelo contrário, é vulnerável e aberto a influências de todos os tipos, inclusive, das neuroses, esquizofrenias e paranoias de cada sociedade.

Dentro de uma ideologia é proibido ver as coisas positivas do outro lado. Pelo menos não sem desvalorizá-las. Qualquer coisa que seja da ideia oposta discrimina sua concepção original, porque ela não permite erros ou equívocos para permanecer legítima.

E a ideologia é exatamente isso. Quando se vai além do equilíbrio, além do senso crítico. Quando se perde a lucidez para defender uma concepção criada pelo próprio homem fundamentada em opiniões ou achismos e menos na experiência. Como explicaria o termo Marxista “falsa consciência” que expressa a ideia de que a ideologia traduz uma visão sistemática deformada do mundo ou de um grupo.

Assim, enquanto um grupo deseja cercar o mar para evitar que o oceano tome a sociedade com um tsunami premeditado por algum líder, o outro luta pelo seu direito de usufruir do Caribe. Então, a guerra começa, os embates, as discussões, as acusações e ofensas. Optam por desperdiçar energia tentando ganhar uma razão infantil quando os dois grupos estão certos, como também errados.

A ciência comprova que água com sal faz bem, inclusive se bebida no soro caseiro. Mas nem precisamos de relato científico para saber que beber um copo de água do mar faz muito mal. E essa é a realidade. Pode até ser variável em algum ponto, porém, de todo, é imutável, e criar uma ideologia é fugir da realidade sólida e manter-se neste estado de alienação oscilante de forma defensiva, onde qualquer ato ou palavra que ameaça essa nossa condição de loucura, vira motivo de raiva, rancor e vingança, gerando caos e violência.

A bíblia também consiste em um apanhado ideológico como todas as religiões. Nela estão ideais de amor, perdão, de bem comum. Um convite a cuidar do mundo, amar ao próximo e fazer do nosso planeta um paraíso. E como precisamos desses valores! Mas ela também exalta a submissão das mulheres aos homens.

A mulher não foi feita da costela de Adão, nem é culpada pelo pecado. Ambos gêneros são provenientes de um mesmo preciso processo de evolução. O livro também defende o poder dos amos sobre os seus escravos, entre tantos valores que contradizem o amor de Jesus e a própria ideia de que somos todos iguais. Isso porque foi escrita por homens, cujas ideias, juízos e concepções, da época, retratavam tais valores contraditórios, tamponando a veracidade do real.

Portanto, tudo tem seu lado bom, mesmo que ínfimo. Apenas a realidade é definitiva. A verdade não precisa de ideologias porque ela é concretude. Nada se pode criar sobre o real como as ideias pretendem fazer. Elas apenas descrevem e interpretam a seu bel prazer aquilo que já é fato. A ideologia não é autêntica, a existência é. E sobre ela não temos o menor controle.

Maturidade é saber compreender tudo isso e aceitar que a melhor ideia é aquela que faz bem, independente de que lado esteja…




"Luciano Cazz é publicitário, ator, roteirista e autor do livro A TEMPESTADE DEPOIS DO ARCO-ÍRIS." Quer adquirir o livro? Clique no link que está aí em cima! E boa leitura!

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