“O que não enfrentamos em nós mesmos encontramos como destino”
Carl Jung

Existe muito trabalho a ser feito. Muitas defesas, carências, dúvidas ao próprio respeito, crenças que nos diminuem. Uma gama de coisas profundas, arraigadas e que nos impedem de dar continuidade aqueles projetos que trarão felicidade verdadeira. Mas o que acontece? A gente protela.

Tem medo de olhar pra si. Foge como o diabo da cruz da palavra autoconhecimento. Só de ouvir cansa, dá ansiedade, angústia. E vamos empurrando com a barriga e colocando a culpa, a responsabilidade por nossa vida no outro, na vida, no governo, no chefe, na família, no marido, nos filhos e em tudo que se move ao nosso redor.

Passou da hora de virarmos este jogo.

O ser humano tem muitos temores. E eles criam defesas, projeções, carências que não se percebe o quanto atrapalham. Quando admitimos que temos fraquezas e encaramos de frente estes monstrinhos, aos poucos elas vão atenuando e aprendemos a conviver melhor com essas dificuldades. A grande questão é que poucos ainda estão dispostos a aceitar que a mudança depende desta boa olhadela para dentro de si. Não existe outra forma. Se o que estamos vivendo não está condizente com aquilo que nos faz bem, que traz paz para o coração, olhar para si é o único caminho para perceber o que estamos oferecendo para a vida e o que ela está nos oferecendo de volta.

Mas olhar para si mesmo dói. Então é mais fácil fugir e distribuir culpas, mascarando o que realmente importa, fingindo que as coisas externas irão preencher o vazio que esta falta de autopercepção causa. E anestesiar esta dor com ansiolíticos, whiskys, compras excessivas e que mais estiver ao alcance. Ou talvez alguma ilusão de superioridade, alguma armadilha do ego que faça a gente achar que sendo melhor que os outros seremos mais amados e aceitos ao nosso redor. Ou nos mostrando inferiores e submissos vamos seremos estimados e validados.

Todos nós queremos ser bem quistos, por mais que se disfarce isto. Até aquela pessoa mais arrogante e prepotente, que parece não ter sentimento nenhum. Ela também busca a aprovação e a forma que encontra para angariar algum respeito é se mostrando assim. Pessoas que já alcançaram o acolhimento e a aprovação dentro de si tratam tem uma maior facilidade de demonstrar apreço e gentileza ao seu redor. Indivíduos assim possuem a resiliência suficiente para admitir e enfrentar suas próprias debilidades sem menosprezar suas competências positivas, o que facilita a construção de relacionamentos saudáveis e sinceros. A relação humana transborda e reflete o que carregamos de percepção e entendimento por nós mesmos. Mas enquanto se vive na ilusão de que o outro é quem precisa mudar, não vivenciamos esta verdade.

Não tenha medo de olhar para si. Por mais difícil e aterrorizante que possa parecer, este é o única forma para que as respostas do caminho possam fazer sentido e as lições absorvidas profundamente. Entendendo potencialidades e aceitando dificuldades poderemos traçar um plano para interagir com o mundo de forma mais assertiva, corrigindo carinhosamente erros, com muito mais ânimo e coragem para irmos em busca dos nossos sonhos e ideais. Aí sim podemos usufruir o que de melhor a vida tem para nos oferecer.




Semadar Marques, palestrante, educadora e analista em inteligência emocional. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

2 COMENTÁRIOS

  1. NOS DIAS DE HOJE NÃO EXISTE TEMPO PARA NOS RECONCILIAR COM NOS MESMO RECARREGANDO AS BATERIAS ESPIRITUAIS DO NOSSO INTERIOR PARA NÃO SUCUMBIR AOS AS RAJADAS DE INFORMAÇÕES MATERIAIS QUE INDUZEM A HÁBITOS POUCOS SAUDÁVEIS PARA SEU BEM ESTAR.

  2. Há menos de 15 anos que tratamento psicoterapêutico passou a fazer parte das especialidades no rol de coberturas do planos de saúde privado pela ANS.

    Vender e enriquecer os laboratórios farmacêuticos é melhor.

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