Silêncio que perpassa o dia-a-dia de um sujeito; silêncio que cala por medo e vergonha diante do outro e por isso, tem a anulação de si próprio e o surgimento de possíveis sintomas psicossomáticos como resposta a essa atitude constante – É desse silêncio que falaremos.

Para onde vão nossos sentimentos silenciados? Para onde vão nossos desejos silenciados? O que acontece quando calamos o que sentimos? Diante desse silêncio, nosso corpo grita pedindo ajuda. A boca se cala para esconder-se e o corpo fala até ser escutado. “O corpo responde sempre, quer ele fale ou se cale” (Liliane Zolty).

O que podemos fazer diante dessa realidade que define tantos sujeitos em nossa sociedade? Vamos refletir… “O silêncio frequentemente aparece como uma posição de recolhimento, retraimento, refúgio ou resistência” (Antonie Franzini). Há o silêncio que cala e o silêncio que se constitui pela falta da palavra; há o silêncio que vela e o outro que desvela. Vamos falar do silêncio que cala e vela; do silêncio como posição de retraimento e medo.

Tantas vezes chegam em nossos consultórios pessoas que nos confidenciam que por tanto tempo se calaram por medo e vergonha de algo ou de alguém e que hoje, o seu corpo está padecendo diante de uma doença provocada pelo silêncio que anulou a palavra, seja ela física ou psicológica. Sessão após sessão o sujeito vai tendo a oportunidade de falar aquilo que desejava falar em dias anteriores, mas que foi calado por alguma razão.

A partir do momento que você consegue romper com a barreira do seu silêncio, és que surge a sua transformação enquanto sujeito falante – o silêncio como “efeito de uma palavra em espera” (Marie-Claude Thomas). Sai de cena o silêncio que anula e entra em cena o sujeito falante cheio de desejo em desvelar o que por tanto tempo encontrou-se velado por sete chaves. Portanto, a análise pode ser o estopim para que o silêncio que anula seja rompido e escutado pelo próprio sujeito e assim, ele possa transformar-se e recomeçar de uma nova forma.

É preciso romper esse silêncio que anula o sujeito. O sujeito precisa vir à tona através dos seus desejos, pensamentos, emoções, enfim através da sua singularidade. O outro, precisa respeitar!

“Aprender a romper o silêncio. Falar. Já é viver” (Jacques Hassoun).




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