Durante muito tempo pensei que tinha alguma coisa errada comigo. Que todas as coisas que eu sentia eram exageradas e que não cabiam na vida dos outros.

Isso me causou tanta dor que não demorou muito para que eu guardasse qualquer emoção mais intensa, não sendo eu mesmo na frente das pessoas. Um erro gravíssimo contra a minha própria felicidade.

Mas o tempo passa. Aprendi que não dá pra ficar me privando de sentir, mesmo que o meu jeito de sentir seja assim, intenso e pra ontem. Cansei de esperar que alguém assuma o compromisso de corresponder ou pelo menos se interessar pela minha intensidade.

Os relacionamentos vão passando e se eu não tomar conta das minhas emoções, cuidando e transbordando elas onde realmente exista disponibilidade, certamente ficarei refém de uma angústia, de um controle mental nada saudável.

Aceitar a minha intensidade é buscar maturidade e clareza sobre os meus melhores sentimentos. É não me chatear mais com frases do tipo “você sumiu”, “saudade, vamos marcar qualquer dia”. Ninguém precisa ter habilidades investigativas para me localizar, para saber como estou.

As pessoas estão distantes umas das outras, e por escolha. Assim como também não há necessidade alguma de gastar a beleza da palavra saudade com um convite que não tem a intenção de ser concretizado. A saudade é pra ser conjugada e saciada no mais breve possível.

Vivendo um novo dia por vez, hoje me concentro em reconhecer e compartilhar a minha intensidade sob um olhar diferente. Faço lar nos tantos abraços, sorrisos e encontros que sintonizo. Mas nunca esquecendo de manter o mais importante por perto: a minha liberdade de sentir cada instante bom que me aparece.




Cidadão do mundo com raízes no Rio de Janeiro. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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