O “deixar pra lá”, deixar pra depois, mais tarde eu faço e se puder… bem mais tarde, cria uma reação em cadeia que deságua em ansiedade, reclamações e atrasos porque nossa mente sabe que temos aquela ou aquelas pendências e colocamos mais uma corrente de coisas mal resolvidas nas muitas que arrastamos pela vida afora.

Isso se chama PROCRASTINAÇÂO.

E quando falamos de empresas, imaginem um Hospital por exemplo, dá pra imaginar o que acontece na rede, na teia de atendimento ao paciente, se algum elo da corrente resolver deixar pra mais tarde!!! Procrastinar!!!

Como consolo, você que adora deixar as coisas pra depois, talvez na esperança que elas desapareçam ou se resolvam por si mesmos, não está só.

Talvez você diga a si mesmo que você só sabe trabalhar melhor sob pressão. Ou que o trabalho que você faz quando você não está se sentindo com vontade  não é muito bom.

Ou você acha que você não pode fazer nada bem, a menos que você esteja se sentindo no melhor da sua forma…física, mental, espiritual, emocional e por aí vai. O procrastinador vira especialista em justificativas.

Você se deu conta que tem todas as características de um procrastinador? Relaxe, você tem muita companhia nessa tribo .

Vinte por cento das pessoas identificam-se como procrastinadores crônicos. Estas são pessoas que não pagam suas contas em dia, que perdem as oportunidades nas promoções e descontos. Que deixam as compras da festa de aniversário para a última hora . Não vamos nem falar sobre o imposto de renda!

E a escola então. Parece trazer para fora toda a procrastinação nas pessoas . No ambiente universitário, até setenta por cento dos estudantes identificam-se como procrastinadores.

Porque fazemos isso. Fomos “fabricados” para agir assim ou tem alguma coisa errada na maneira que selecionamos e executamos as coisas, mesmo profissionalmente?

Estas questões foram o que levaram pesquisas nas áreas da psicologia e da neurociência, a oferecerem oito boas pistas sobre por que nós procrastinamos – e como superar essa tendência. Veja algumas:

    1. Procrastinação é muito mais comum do que se pensa, embora como cultura não levemos muito a sério nem como um problema. Representa um problema profundo de auto-regulação. E pode haver mais do que no Brasil do que em outros países porque nós somos tão bonzinhos; Não repreendemos as pessoas em suas desculpas (“minha tia morreu na semana passada”) mesmo quando não acreditamos.
    2. Procrastinação não é um problema de gerenciamento de tempo ou de planejamento. Procrastinadores não são diferentes em sua capacidade de estimar o tempo, embora sejam mais otimistas do que os outros.
    3. Procrastinadores não nascem assim. Procrastinação pode ser aprendida no ambiente familiar, mas não diretamente. É uma resposta a um estilo autoritário de parentalidade. Tendo um pai severo e controlador, os filhos não desenvolvem a capacidade de regular a si mesmos, de internalizar suas próprias intenções e então aprender a agir sobre eles. Procrastinação pode até ser uma forma de rebelião, uma das poucas formas disponíveis sob tais circunstâncias. Além do mais, naquelas condições familiares, procrastinadores buscam mais os amigos do que aos pais por apoio, e os seus amigos podem reforçar a procrastinação, porque eles tendem a ser mais tolerantes com suas desculpas.
    4. Os procrastinadores são feitos, são formados e se não nascem assim, temos uma boa e uma má notícia. Boa, porque se foi aprendido, pode ser desaprendido. A má notícia é que, ainda que seja possível mudar, é preciso muita determinação e energia psíquica para mudar.
  1. Procrastinação promove níveis mais elevados de consumo de álcool e outras substâncias entre aquelas pessoas que bebem. uma manifestação de problemas generalizados na auto-regulação..
  2. A procrastinação comprovadamente é prejudicial à saúde porque enfraquece o sistema imunológico. Adiar as coisas cria altos níveis de estresse e ativa todos os hormônios do estresse passando pelo seu corpo. Mantém você acordado à noite. Deixa ansioso a você e a quem está do seu lado. E não ajuda em nada seus relacionamentos. Faz entes queridos e colegas de trabalho ficarem ressentidos, porque desloca a carga de responsabilidades para eles.
  3. Entretanto algumas pessoas que se acham procrastinadoras realmente não são. Num mundo de prazos apertados e que se repetem, eles colocam muitas coisas na sua lista do “a fazer”. Aí é só excesso de atribuições, que é outro tipo de desorganização mental.
  4. Os procrastinadores dizem mentiras para si mesmos. Tais como , “Eu sinto que ou fazer melhor isso amanhã.  Ou “ Eu trabalho melhor sob pressão.”  Mas, na verdade eles não fazem melhor no dia seguinte ou funcionam melhor sob pressão. Além disso, eles protegem o seu sentido de ser dizendo ” isso não é importante .”

De acordo com Joseph Ferrari, pH.d., professor associado de Psicologia da Universidade De Paul em Chicago, procrastinadores de verdade dizem a si mesmos cinco mentiras:

  • Superestimam o tempo que lhes resta para executar tarefas.
  • Subestimam o tempo necessário para completar essas tarefas.
  • Eles superestimam o nível de motivação que eles vão sentir no dia seguinte, na próxima semana, no mês que vem..–sempre que eles estão adicionando novas coisas pra fazer.
  • Equivocadamente pensam que para executar uma tarefa exige que eles se sintam animados a fazê-la.
  • Eles erradamente acreditam que trabalhar quando não estão no clima não será produtivo.

Procrastinadores também ativamente procuram distrações, especialmente aqueles que não têm compromisso pesado da parte deles. Verificação de e-mail, redes sociais e o celular são apenas feito sob medida para esta finalidade. O segredinho sujo é que procrastinadores distraem-se como uma forma de regular as suas próprias emoções, como o medo do fracasso.  Ou do sucesso. É isso mesmo, muitos temem o sucesso…assunto para outra hora, com a ajuda de Freud.

Então enfrentemos o problema. Como combater a procrastinação?

Dr. Ferrari recomenda essas estratégias para reduzir a procrastinação:

  1. Faça uma lista de tudo o que você tem que fazer.
  2. Escreva uma declaração de intenção.
  3. Defina metas realistas.
  4. Divida em tarefas específicas.
  5. Faça a sua tarefa ser significativa.
  6. Prometa uma recompensa a si mesmo. Uma comemoração.
  7. Elimine tarefas que nunca planeja fazer. Seja honesto!
  8. Estime sinceramente a quantidade de tempo que você acha que vai levá-lo para concluir uma tarefa. Em seguida, aumente essa quantidade em 100%.

Nossas maiores barreiras são invisíveis. É o pensamento negativo, a falta de vontade, a procrastinação, a vitimização, a falta de coragem e a supremacia do medo. E tudo isso está dentro de nós. Podemos até ter a própria doença, mas nesse sentido, somos também nossa única fonte de cura. Não seja refém de si mesmo.

Fontes de Pesquisa: Algumas frases e dados foram traduzidas e adaptadas do artigo The Conversation de Elliot Berkman

Elliot Berkman é Professor Assistente de Psicologia e Diretor do laboratório de Neurociência afetiva na Universidade de Oregon.

Consultamos também: Dr. Joseph Ferrari – Universidade De Paul – Chicago.




Psicanalista, Palestrante, Professor Universitário, Viajante do mundo, curioso e eterno aprendiz..... É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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