Muita gente costuma se calar para encurtar conversas chatas, deixar de lado discussões ou por medo de não ser aceito num grupo. Essa turma geralmente prefere se concentrar na resolução de situações práticas ao invés de ser envolver com outras pessoas e, portanto, desconhece os malefícios que essa escolha – de permanecer omissa – pode acarretar à sua saúde e aos seus relacionamentos pessoais.

Quando se deixa de falar o que é pensado, não se estabelece um diálogo claro, e aquele potencial interlocutor acaba por perder a oportunidade de conhecer as opiniões e ideias do coleguinha ao seu lado. É claro que existe uma certa ordem e momento para se dizer aquilo que se quer dizer, mas é importante que esses instantes não sejam procrastinados à eternidade. Quem não fala acaba se anulando e trazendo o estresse para a sua vida.

É natural que algumas exteriorizações sejam mal compreendidas – algumas até mesmo serão capazes de causar dor ou constrangimento a quem as recebe. De todo jeito, é essencial dar forma aos pensamentos, através da fala, da escrita e pelas artes (pintar e tocar violão, por exemplo, são verdadeiras catarses), porque só assim dá para perceber as falhas no processo de comunicação; e o movimento de tentativa e erro quase sempre resulta em bom aprendizado. Ver-se no outro é sempre descobrir um pouco mais de si mesmo.

Outra coisa ruim é que, quando alguém se cala, começa a ter dificuldade em estabelecer vínculos afetivos. Aquele que não se manifesta é visto pela sociedade como alguém em que se deve desconfiar, que não estabelece limites e/ ou dá indicações dos seus gostos. A ética e a confiança numa conversa são fundamentais, tanto quanto diferenciar aquilo que deve ser levado a público e o que deve ser mantido em caráter privado.

Criar uma conexão empática, de afinidade entre duas pessoas, envolve a ação de negociar – nítida ou tacitamente. Quando essas “transações” são quebradas, surgem ansiedades e frustrações. E, depois disso, para o resgate do bom convívio, vai aí uma boa dose de empenho e suor: deve-se descobrir as razões e compensar (pense no quanto isso soa a uma chantagem), quando possível, os erros anteriores.

Usar as palavras no instante em que elas cabem é coisa boa para ser desenvolvida, assim como saber ler e escutar, para responder ou proferir considerações. O dito popular “temos duas orelhas e uma boca, para escutar mais e falar menos” não está totalmente certo: sem o equilíbrio entre aquilo que se ouve e o que se põe para fora não há relação que se sustente.

Prudentes são as pessoas que evitam dizer qualquer coisa em momentos de nervosismo ou que desconhecem o que está sendo tratado. É bem mais sensato aguardar a agitação assentar e procurar conhecer o assunto, primeiramente, para só depois tomar partido. Como num jogo de cartas, se você não deseja perder a aposta, antes de tudo, tem que se analisar a mão do adversário e entender as regras.

E se as palavras forem insuficientes para moldar a indignação, o pavor, as angústias e lamentações, o choro pode ser suficiente. As lágrimas e sua inquietação apanham o ouvinte pela emoção – mesmo que por meio subconsciente. Tenha certeza disso: aquele incômodo “burburinho no estômago” está presente na vida de todo mundo.

O ser humano necessita se expor – a falta disso causa aflição, preocupação, inquietação e estafa. Se o impulso de se colocar à mostra é muito contido, a qualidade da linguagem se torna dúbia, fica enuviada, confusa e resulta em problemas de somatização: o corpo se manifesta, e, não obstante sempre existirem outras pessoas e outros relacionamentos, o indivíduo deixa de enxergar uma luz no final do túnel (como se, de fato, não houvessem saídas possíveis). Nessas ocasiões, a única cura… é o carinho.

(Autor: Sérgio Delduque)

(Fonte: nerdgeekfeelings)

*Texto publicado com autorização do site parceiro.




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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