Me parece que focar demais às vezes atrapalha. Obviamente, precisamos investir o melhor do nosso tempo e energia nos projetos que nos interessam, nas pessoas que aquecem o nosso coração. Mas, ficar correndo atrás e dando murro em ponta de faca, pode causar um estresse desnecessário e sem utilidade alguma.

Por alguma razão que desconheço, quando vivemos o dia a dia sem muitas expectativas, saboreando dos pequenos prazeres cotidianos, muitas coisas boas acontecem sem fazermos grande força.

Quem se impõe demais, quem se obriga demais ou quem mendiga demais também, se sujeitando a tudo e a todos para ver um projeto concretizado ou uma pessoa conquistada, pode desperdiçar muita energia sem obter resultados.

Entre um pessimismo e comodismo totais até uma obstinação sem tréguas existe um nicho muito grande e provavelmente salutar. Quer mudar de emprego? Não fique parado. Envie currículos. Entre em contato com pessoas que possam te ajudar. Mas não fique acessando o e-mail e o WhatsApp 50 vezes por dia à espera de um recado.

Leia mais: A vida é curta, viva o hoje

Sonha em ter o próprio negócio ou viajar pelo mundo? Ok! Trabalhe para a realização do seu projeto de vida. Junte dinheiro, faça cursos de extensão, trave contato com possíveis parceiros, mas não deixe de relaxar e tomar uma cervejinha, um café ou uma água de coco com os amigos porque o sonho ainda não virou realidade.

Enfim, em nome de uma felicidade futura não deixe de viver o aqui agora. Não deixe de aproveitar as coisas boas que estão acontecendo por menores que elas sejam. Muito do que vivemos depende do nosso olhar, da nossa perspectiva. A nossa generosidade, a nossa capacidade de nos entregar aos momentos pode ampliar e abrilhantar o aparentemente pequeno e desimportante.

Às vezes, não temos o emprego dos sonhos, mas fazemos o melhor trabalho possível no nosso atual. Às vezes, não temos dinheiro para rodar o mundo, mas podemos curtir um bom feriado na praia ou nas montanhas.

Sim, me parece que devemos fazer a nossa parte e deixar o restante por conta do tempo. Por quê? Não sei. Apenas sinto.




Profa. doutora , idealizadora da Pós em Cinema do Complexo FMU, escritora e psicanalista. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui