As crianças, às vezes, nos roubam a paciência e gritamos com elas como se fossem nos entender. Isso é muito traumático para a criança. Ela não entende que um grito é sinal de desespero do pai ou da mãe, mas aquele grito se aloja na alma da criança como se fosse uma coisa horrível que ela ouviu, uma coisa que tem um som alto aos seus pequenos ouvidos e provocou-lhe medo.

A criança compreende que um grito de “não faça isso” é uma forma dolorosa dos pais falarem com ela, isso causa trauma na alma em formação, aquela criança que vive a base de gritos crescerá acostumada a só não fazer as coisas se for repreendida em voz alta.

Não grite com a sua criança, eduque-a com carinho e afeto. Quando for necessário chamar a atenção da criança que está repetindo no erro e fazendo o que não deveria, sente-a num canto e converse mansamente com ela. Explique que aquilo não pode ser feito, que é ruim para ela, que pode machucar, enfim converse com tranquilidade.

As crianças estão em processo de formação e precisam de cuidados especiais por parte dos pais e responsáveis. Se elas só conseguem obedecer através de gritos tenderão mais tarde a gritarem, também. A fala mansa e pausada traz paz e harmonia ao lar, inspira um ambiente de calmaria. Talvez não seja fácil para alguns pais depois de um dia estressante de trabalho ter que lidar com as teimosias dos seus filhos, contudo é preciso respirar fundo, engolir o grito e pedir para que a criança pare de fazer aquilo.

As crianças na tenra idade estão plantando sementes para colherem no amanhã, com isso essas sementes devem estar bem cuidadas, ou seja, pais que se estressam facilmente com os erros dos seus filhos e gritam com eles estão propícios a formarem cidadãos traumatizados e irritantes num futuro próximo.

As crianças tendem a se comportarem iguais aos pais na pequena idade, então se elas só ouvem gritos é assim que conversarão com a professora, os amigos, vizinhos e pessoas desconhecidas. Um grito prejudica muito mais que uma pancada, às vezes. A criança não está preparada para ouvir aquele grito e para de fazer o erro não por ter sido repreendida, mas por medo do que virá logo depois daquele grito.

Ela conhece que o grito é um último alerta dos pais para a sua traquinagem e sabe que pode acontecer coisa pior se continuar fazendo o errado. Fica tensa e apavorada com o que poderá acontecer depois do grito, entra em estado de ansiedade, por medo e não por respeito.

Os pais que querem ser respeitados pelos seus filhos, devem educá-los com amor, paciência e carinho. Mesmo nas horas em que as crianças fazem de tudo para nos tirar do sério, não devemos gritar com elas. A criança recebe o grito como se fosse um som terrível aos seus ouvidos que os machuca e faz doer. Os gritos dos adultos costumam causar sérios danos à vida na infância. Devemos aprender a repreender as crianças de uma forma mais cautelosa, pensarmos que todo o nosso esforço para uma boa educação valerá a pena no amanhã quando a criança tornar-se um adulto feliz e educado para com os outros.

Educar uma criança exige tão pouco dos pais e ao mesmo tempo tanta grandiosidade de alma desses, pois cada criança tem em si uma alma em processo de formação que absorve os comportamentos dos pais e tendem a imitá-los fora de casa.

Coisa linda é ver uma criança falar educadamente, pedir com cuidado e parar de fazer peraltices quando se diz um não para ela com voz tranquila. As crianças são belas por natureza, somos nós que as pintamos descoloridas, muitas vezes. Os pais que gritam com os seus filhos tendem a descarregar todas as raivas e coisas que não deram certo naquele pequeno ser que ansiosamente espera pela sua chegada em casa.

Nunca grite com a sua criança, pois ela ouvirá você em voz baixa também, se foi ensinada a obedecer com carinho e amor. A obediência não combina com gritos. Os gritos machucam os ouvidos e a alma. Evite gritar com os seus filhos.




Rosângela Trajano é licenciada e bacharel em Filosofia com mestrado em literatura, escritora, ilustradora e professora de filosofia para crianças. O que mais gosta de fazer é poetizar para crianças. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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