Estou pensando nas “porradas” que a vida dá na gente…
Quando eu tinha 14 anos fui reprovada em matemática e tive que repetir o 9º ano. No meu tempo, a gente chamava de 8ª série. Opa! Já estou usando “no meu tempo”? É, a velhice chegou…

Meu senhor, que tristeza eu senti! Era ano de formatura, quase todos os meus colegas se formaram e eu não. Parecia que aquela dor nunca iria passar.

Naquela época e naquela idade era a pior coisa do mundo! Aí minha mãe disse “estás chorando por causa disso? Ih, minha filha, essa é só uma porrada que a vida te deu e ainda vai dar muitas mais! ”

E ela tinha razão. Eu repeti o ano (não foi tão ruim assim) e continuei levando “porradas”, bem maiores durante a vida. Coisas muito piores aconteceram, me fizeram chorar muito, mas muito mais!

Perdi o emprego uma vez e me vi sem ter como pagar o aluguel do apartamento que eu
morava, levei um “pé na bunda” do homem que eu acreditava ser o grande amor da minha vida, fui sacaneada por várias amigas e uma até dinheiro da minha bolsa levou.

Sofri grandes desilusões com entes queridos, que se mostraram não “tão queridos assim”, perdi todos os meus avós, tive que fazer uma cirurgia dolorida e ficar 45 dias me recuperando.

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Tudo foi pior que “rodar em matemática”. Teve até um sonhado concurso que eu passei em tudo e só fui reprovada na prova oral…

Só que nestes momentos eu sempre lembro da minha mãe dizendo “isso foi só uma porrada que a vida te deu e ainda vai dar muitas”. Lembro disto e procuro lembrar também dos presentes que a vida me deu! Ah, foram tantos e tão maiores!

Lembro das vezes que chorei de emoção!

Eu chorei quando ouvi meu nome no rádio na lista de aprovados do vestibular. Eu chorei quando passei na prova da OAB (de primeira!) Chorei quando minha irmã ligou dizendo que conseguiu remoção do MT e voltaria a morar em SC, quando ela disse que estava esperando um bebê e também quando o bebê nasceu!

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Não cheguei a chorar, mas fiquei tão feliz quando comprei meu apartamento, quando me enchi de coragem e abri meu próprio escritório, quando recebi os atrasados da defensoria dativa.

Ah, eu fico tão feliz de poder viajar!

Que alegria foi entrar pela primeira vez no mar do Caribe, ver o Coliseu, andar de gôndola em Veneza… E eu fico tão feliz também quando as ações que eu patrocino são julgadas
procedentes, quando eu experimento uma comida nova ou compro uma roupa bonita.

E fico bem feliz também quando entro no cinema para ver um filme legal, ou quando escuto uma música alegre…

A vida é assim mesmo, um sobe e desce de gangorra. Em um dia a gente está embaixo, triste, sem saber o que fazer e no outro está em cima, feliz, berrando de alegria.

Hoje eu estou bem triste, mas sei que vai passar e que a gangorra só vai parar quando o meu coração deixar de bater…




Advogada. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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