Talvez você queira saber por que estou fazendo a pergunta do título deste artigo, mas, creio eu, que você também esteja percebendo que algo sombrio abraça nosso mundo e não é nada que venha do Céu, de Deus, dos astros e do Universo. Nós estamos nos tornando a parte sombria deste planeta.

Ao meu ver e pelo meu pouco entendimento, fomos criados para sermos felizes, certo? Para habitarmos um mundo e fazermos o nosso melhor, para amarmos uns aos outros, para termos compaixão, para sermos hoje melhores do que fomos nas épocas terríveis das guerras que hoje soa silenciosa por esse mundo.

Ah, mas não temos mais guerras! Você me diz. Ainda vivemos em guerra, eu te respondo. Vivemos em guerra com a política, com nossos vizinhos, parentes, colegas de trabalho, relacionamentos. Não aceitamos as diferenças e condenamos os ditos como diferentes em uma época onde devíamos já olhar com o coração e não com olhares preconceituosos. Em uma época onde deveríamos ser luz e ainda estamos abraçando a escuridão. Nos deitamos e nos deliciamos nessa lama porque gostamos demais de estarmos sujos com os nossos sarcasmos e críticas destrutivas! Sentimos um imenso prazer em menosprezar, em rejeitar, em ofender. Não olhamos para as pessoas com olhos de amor, pois estamos contaminados demais com a negra massa de podridão que nos cobre a mente e a alma. Estamos todos sendo descobertos…

Antes, uma pessoa conseguia viver mais tempo parecendo ser uma santa quando na verdade era um demônio num corpinho humano. Hoje não. Hoje os santos estão perdendo suas vestes porque as máscaras insistem em cair no momento em que mais precisamos de amor.

Outro dia, eu vi uma publicação nas redes sociais que me chocou. Vi comentários preconceituosos em fotos de uma pessoa linda. Não faço a menor ideia de como essa pessoa superou a essas críticas e se é que ela superou. Penso que devíamos ser melhores, só isso, ou, quem sabe, pensar como o outro. O que eu sentiria se estivesse no lugar do outro? O que eu gostaria que me dissessem?

Mas oh, não! Tudo que temos feito é condenar, ferir, julgar e desejar o mal de pessoas que nem conhecemos. Acreditamos em mentiras, compartilhamos as mentiras e disseminamos o mal em toda sua forma robusta e poderosa, tornando-nos, apenas e tão somente, discípulos da maldade deixando cair por terra nossas vestes de falsos santos e nossa imensa oportunidade de evolução.

Uma amiga, certa vez, me disse que estava abismada com a realidade que ela viu através de palavras rudes de uma amiga que sempre lhe pareceu tão calma e doce. Tempos sombrios… eu disse a ela. Evoluiremos todos ou seremos tragamos para o centro da terra como meros vermes, sem chances de recomeço, ou, talvez, uma chance remota e bem primitiva pra ver se reaprendemos e retomamos nossa humanidade. Talvez, o que precisamos seja de um pouco menos. Um pouco menos de dinheiro, um pouco menos de poder, um pouco menos de “vou falar tudo o que penso”, um pouco menos de “não gosto de você”, “não gosto de negros, nem de gays, nem de gente gorda. Um pouco menos de frieza no coração e um pouco mais de olhar para o mundo da forma como ele realmente foi feito para ser.

Somos os maiores responsáveis pela destruição do nosso planeta e ainda, os responsáveis por nos destruirmos uns aos outros a cada nova década e de várias e modernas formas diferentes. Todas tão cruéis como as torturas de outrora. Tão cruéis como a fogueira que queimava as bruxas que hoje nada mais são que palavras venenosas que ferem feito fogo e que muitas vezes, nos queimam e levam à morte tudo o que somos.

Não respeitamos os animais, nem as crianças, muito menos os idosos. Fazemos pouco caso de pessoas humildes, dos pobres, de quem mal sabe falar. Rimos da falta de oportunidade do outro, rimos do seu jeito, da sua cor. Desdenhamos e pouco importamos com quem tem menos que nós, só queremos “o nosso”. Queremos o poder, o carro do ano, o reconhecimento na firma, o corpo que custa milhares. Mal vemos que na esquina de nossa casa alguém pede comida, que do nosso lado alguém chora e implora por uma palavra de amor porque está sofrendo e não sabe o que fazer. Muitos de nós não se importam… e é uma pena.

Cada vez que penso no tema sinto um aperto forte em meu coração e logo vem a pergunta: quando foi que deixamos de ser humanos?

Se Deus nos olhasse agora, seus filhos, frutos de sua Criação, no lugar dele eu estaria imensamente decepcionada e arrasada, pois que eu pensaria que eu havia falhado na criação das pessoas. Ah, eu devia ter deixado o mundo lindo como era e apenas os animais correndo livres por todo o Globo… Mas não, eu fui logo criar a raça humana e hoje, sendo Deus, eu estaria chorando.

Se você chegou até aqui, se em seu coração você sente o mesmo que eu, que anda aborrecido(a), chocado(a) com a humanidade, que cada vez vê mais o quanto somos incapazes de amar, saiba que podemos fazer a diferença. Ah, sim! Podemos ser aquele ponto de luz que atravessa as nuvens negras ao redor do mundo!

Como?

Faça algo bom.

Faça aquilo que todos deveriam fazer e não fazem. Olhe para as pessoas com amor, sorria para quem precisa desse sorriso, cuide dos animais, alimente-os, não os deixe passar frio nem fome, nem sede. Se tiver algo que possa doar, doe. Não acumule coisas materiais, isso tudo passa! Quando nos formos desse mundo não iremos levar absolutamente nada, então, para que guardar tanto? Compartilhe. Distribua. Faça a diferença na sociedade em que vive e mesmo que não consiga salvar o mundo, salve o seu pequeno mundo.

Seja luz na vida das pessoas e não se aflija pelos que estão caindo. Ajude-os se precisarem, mas, se recusarem sua ajuda, deixe que sigam sua própria trajetória, mas, você terá feito a sua parte e a sua parte sempre será ver além. Além das pessoas, além do que há. Ver com amor.

Não é difícil. Apenas retire do coração os sentimentos ruins e não os passe para frente. Faça a luz entrar, ore pelo mundo, ore pelas pessoas que se perderam e ainda se perderão no escuro. Veremos muitos amigos nossos caindo nessa lama e sentiremos muito por cada um deles e tentaremos ajudá-los, mas alguns, não terão saída, estarão colhendo tudo o que plantaram e cada qual colhe aquilo que planta, não é?

Não perca seu lado humano. Mesmo que ainda poucos, podemos fazer a diferença.

(Imagem: Anastasia Vityukova)

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Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor do amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.

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